ALCOOLISMO

A L C O O L I S M O

Como todos os prezados leitores que já leram alguns dos meus textos postados neste espaço, principalmente o perfil, há de lembrar que eu SOU alcoólatra. Como podem ver o verbo “ser” grifado no presente do indicativo indica que essa doença é incurável. Mesmo estando abstêmio neste momento e, embora tendo a firme decisão interior de nunca mais ingerir uma só gota de qualquer bebida alcoólica, não há como referir-se sobre essa questão como passado “FUI”, porque isso não existe. Em posição correlata temos que nos referir a esse mal como os católicos referem-se aos seus ministros: “Uma vez sacerdote, sempre sacerdote”.

Trago à baila hoje o assunto porque, em dias passados, circulou no noticiário a triste notícia do aumento da ingestão de bebidas que contenham álcool, em território nacional, principalmente pela população jovem.

Quando resolvi dar publicidade às minhas próprias experiências enquanto “navegador” pelos encapelados mares desse líquido, uma das causas foi o fato de eu só entender a extensão desse mal após inúmeros internamentos e centenas de palestras educativas assistidas; porque o alcoólatra, mesmo que – se bem situado na vida, financeiramente – e tido pela sociedade como bebedor social, NUNCA ADMITE, em hipótese alguma, SER ALCOÓLATRA. Escrevi, também, o livro “Alcoolismo, Ataque e Defesa” por um motivo de gratidão, visto que eu tive a ajuda da família, dos colegas de serviço e dos meus inúmeros amigos, enquanto essa ajuda foi necessária para arrancar-me das garras desse mal. Distribuí-o pelos quatro cantos do Brasil – grátis – em nome desse agradecimento.

Um dos baluartes em defesa da saúde enquanto mal causado pelo alcoolismo é o Dr. Almiro José de Miranda Ramos, renomado médico de Chapecó. E é dele o prefácio que segue.

P R E F Á C I O

O livro “Alcoolismo – Ataque e Defesa”, apresentado pelo autor, na folha de rosto, como “Derrubando tabus e barreiras”, procura de modo simples e prático traçar a biografia em Alcoolismo do autor através de sua história alcoólica. Consegue demonstrar de forma realista o processo de “doentificação” com várias complicações hepáticas, pancreáticas e neurológicas, principalmente.

Essa doença aflige l5% da população. Alguns a mantém latente como verdadeira loteria, cuja premiação é um agente muito nefasto.

Alcoolismo é uma doença que num primeiro momento dá prazer, mas na evolução só traz tristeza e dissabores, além de deixar marcas no organismo – seqüelas para o restante da existência.

As recaídas relatadas de modo real, retratam claramente a evolução da doença alcoólica e suas interações com o meio ambiente familiar e profissional.

Já se disse que o álcool parece despertar em alguns uma inspiração invejável e inteligente na análise de situações, no relatar fatos e escrever poesias.

O autor no seu dizer “a carcaça esgualepada” inteligentemente desenvolveu muito bem a sua retórica poética.

Conhecê-lo é vê-lo num primeiro momento alcoolizado e depois internado, com complicações. Na evolução, lúcido com dificuldades na marcha pela polineuropatia, mas vivo, antenado ao mundo que o rodeia.

Conheço-o, admiro-o pela garra e por isso fico honrado em prefaciar este livro.

Os conceitos emitidos a respeito dessa doença, por vezes, podem não coincidir com a opinião médica, mas tem sentido quanto à manifestação na carne, na consciência e na alma das vítimas desse mal.

Assim, Martini, esclareceu relatando passagens da sua vida e vivências, aconselhando baseado em terapias que lhe foram passadas e tiveram sucesso, e reforçando que o melhor medicamento para o controle dessa doença incurável é a força de vontade (força interior) sintetizada por um laboratório único para cada ser humano – a sua mente.

As memórias alcoólicas, escritas em fragmentos, nos colocam a dureza da doença e a grandeza dos alcoólatras, que se mantém em uma luta contínua e silenciosa pela sobriedade que sempre implicará em abstinência.

Dr. Almiro José Braga de Miranda Ramos

CRM/SC l360 – CPF 3l3.028.239-49

MÉDICO – CHAPECÓ – SC

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 24/05/2010
Código do texto: T2275929
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