A Cantora de Todos
A CANTORA DE TODOS
Lobato
Há tempos que não escrevo uma crônica dentro do meu espírito e estilo alegres, depois que me dediquei às pesquisas sobre cânceres.
Nesse mister, descobri que um astral alto é o melhor remédio para evitar o câncer de mama.
Por isso, eu sempre digo que a Aparecida nunca terá este mal, que aflige todas as mulheres.
Nesta nossa vida de serestas e cantorias diversas, por sua voz, a Aparecida está sempre recebendo aplausos e manifestações de agrado, que massageiam o seu ego, que a deixam numa felicidade ímpar.
Dentro da Medicina Psicossomática, “o câncer de mama é causado por poluição psíquica. Grandes choques emocionais, por exemplo, o seqüestro ou a morte de um filho, a falta de sentido na vida, a infidelidade do consorte, divórcio, separação, preocupações constantes, anseio por amor conjugal, etc.”
“É o estress psíquico proveniente dessas situações que assume a forma concreta de câncer no útero e na mama”. (Mente e Câncer, Masaharu Taniguchi, págs.66 e 208).
Conheço uma dezena de mulheres que tiveram câncer de mama. Não são fumantes, não são obesas, não são alcoólatras. Mas tiveram problemas matrimoniais, familiares e outros como os descritos, acima.
Assim, posso afirmar que a mãe daquele garoto que morreu arrastado pelas ruas do Rio e a mãe daquela menina, morta por bala perdida no morro carioca são sérias candidatas ao câncer de mama.
A Aparecida passa por longe desses problemas: tem no marido um verdadeiro capacho, submisso às suas virtudes; vive na música e para música, fazendo o que mais gosta e recebendo sempre, onde se apresente, as maiores demonstrações de afeto que, de tantas, não dão para destacar, nem as mais “calientes”, as mais efusivas.
Mas a gente se surpreende ainda com as mais inesperadas atitudes fraternas e que, agora, acontece a cada domingo no Parque da Cidade, quando participamos das domingueiras musicais no Quiosque do Atleta, administrado pela Maria Augusta, outra amante da música. Ali, no meio de musculosos rapazes, de belíssimas atletas, em suas justíssimas vestimentas; junto aqueles e aquelas, apenas, “halterocopistas”, levantadores de copos, a Aparecida recebe as congratulações de todos, após o canto. Que ela divide com o Sobreira, no violão, e com o Wilmar, no teclado. Os três formam um belíssimo triângulo musical.
Mas, neste último domingo, aconteceu um fato insólito, surrealista, que vai de encontro a qualquer lógica, a que se queira ligar o evento, o caso. Principalmente se nos voltarmos para o cenário nacional, onde a corrupção impera, com a ganância, a cleptomania e o açodamento pelo dinheiro público, em todos os níveis, nos envergonhando.
No meio de todos que rodeavam a Aparecida, ao término da domingueira, surge um homem do povo - não se soube se guardador de carros e/ou mendigo -, que, tomando suas mãos (da Aparecida), depositou, com carinhoso agradecimento, suas poucas moedas, insistindo para que ela aceitasse.
Foi um momento de extrema emoção, sentida por todos.
Na volta para casa, no carro, eu sentia que a Aparecida não estava sentada. Ao meu lado, ela flutuava de felicidade.
Sabe quando a Aparecida vai ter câncer de mama? Nuuuunca!
Aluisio Rodrigues Lobato
(61) 3577-2894