Pra quem quiser me ler
Estou tão fraca, luz em uma fase. Amarela de tristeza. Meu verde desbotou. O azul que me cobria esmaeceu. Que cores são essas agora que escurecem onde piso? Só sobraram os cinzas e os pretos, o marrom ainda tem um pouquinho, mas, é quase nada. O matizado de minhas lembranças são agora névoas do outono. Outono sem cor, de folhas caídas que ninguém vê. Essa mágoa teima em bater, deseja instalar-se em minha alma, ainda luto, mas por quanto tempo? Nódoas que não consigo apagar. Estou estigmatizada, vou ter que aprender a viver assim.
Travesti-me de outra pessoa, de nada adiantou, não se engana a vida, pode se enganar os outros, mas, a vida, não. Um dia ela te chama, feito vento de primavera, parece um beijo te chamando, e, sem saber abre-se a porta, e ela entra e se acomoda no sofá.Vim cobrar meus préstimos - diz ela, com voz premente. O que fizestes durante esse tempo em que te fui companheira? Quantas vezes te lembrastes de mim? Dissestes para os outros como estavas feliz? Ou só te queixastes do pouco que tinhas?
Agora, talvez seja tarde, mas ainda resta um pouco de cor, olha bem no fundo de ti mesmo, verás com os teus olhos a saída, ela está a espera do que podes oferecer. Pega tua caixa de lápis de cor e recomeça a desenhar-me, pinte um arco-iris em direção ao amor, deixe os peixes no mar, faça nuvens coloridas como quando criança, descubra o que tem depois do por do sol, beije e dê nomes as estrelas, sonhe com a lua, faça um pedido e jogue a moeda no poço, acredite, essa é tua força. Tenha um bom dia, e quem estiver em tua companhia o terá também.