A PERDA
Perder algo ou alguém que muito se ama é como cair em vala profunda... sem ver o fim da queda, sentindo no corpo apenas o frio e o vento.
A sensação de se estar oca, sem recheio, é infernal. O coração bate no peito, de maneira dolorida ( a gente pode sentir) , as veias pulsam no pescoço ( a gente pode sentir) mas quando olhamos para dentro de nós mesmos, não encontramos nada... nada...nada... só o gosto , a presença, o cheiro do NADA...
O olhar só percebe opacidade, os pés só sentem a areia escaldante mesmo no chão úmido do banheiro quando misturamos as nossas lagrimas com as do chuveiro...
A respiração é curta. Pesada , cansada... A mente é uma espécie de livro empoeirado, com traças roendo-lhe as palavras...
A boca parece fechadura emperrada que a chave penetra mas que não consegue girar o segredo de abrir e fechar.
Perder alguém e se ver só na vida, contando consigo e consigo mesma é como estar cega tentando atravessar uma avenida, contando apenas com os seus sentidos... todos confusos.
Me confesso despreparada para perder mais alguém... antes preciso encontrar o que perdi... Nem que pra isso seja preciso um anuncio no jornal :
Procura-se
Um sorriso perdido, uma mente que trabalha, um olhar que enxerga o que vê, uns versos cheios de esperança e amor.
Procura-se a credibilidade, a força, a felicidade...
Procura-se um coração ferido, uma alma inanimada...
Quem encontrar favor entregar para o que sobrou de mim mesma... somente encontrada em notas musicais ao lado de um violão e com um microfone nas mãos.