Na época do estudo primário, aluno do sertão, eu não entendia porque o genuinamente cearense Rio Jaguaribe era definido pelo professor de geografia como o maior Rio Seco do Mundo. Para mim, um rio necessariamente precisaria de água, como sobra no Amazonas, maior rio da terra em volume d’água. Só muitos anos depois compreendi que o mestre se referia à intermitência, à temporariedade, do importante rio cearense.

     Este fim de semana, no banco da Praça Veiga Cabral, no centro de Macapá, próximo à concorrida banca de revistas do Dorimar, reencontrei o pioneiro Ruy Guarany Neves. Nossas conversas navegaram por vários assuntos e descobri que o amapaense do Oiapoque nasceu do inimaginável encontro do Rio Jaguaribe com o Rio Amazonas, pois filho de um cearense do Iguatu com uma paraense do Afuá.

     Seu Ruy me presenteou com o seu livro “O Homem da Fronteira” e me contou interessantes causos acontecidos nas terras tucujus e em outras partes do Brasil. Não lembro como chegamos ao assunto da transamazônica, mas o jornalista e agente de comunicação aposentado lembrou que Jânio Quadros definia essa obra do governo militar como a estrada que ligaria o deserto árido ao deserto úmido.

     Em que pese a ironia do ex-presidente, fiquei com essa definição na cabeça. Só assim descobri porque me identifico e amo tanto esses dois lugares.  As terras secas e áridas do sertão cearense e as terras úmidas da amazônia amapaense são meus desertos favoritos.

(imagem Google)