Brasília, Pasárgada de grego.

Acho que Juscelino não tinha idéia do que iria construir. Pensou que estava dando de presente para o Brasil a sua capital, mas o que na realidade ele ofereceu foi um verdadeiro mimo de grego. Uma construção digna de ser uma das maravilhas do mundo, mas povoada por políticos que fizeram a sua decoração.

A sala de estar de Brasília pode ser o Congresso, onde as reuniões decidem às escuras que o povo nessa mansão não entra nem de penetra. Os vinhos e caviares são oferecidos aos anfitriões, que fizeram do sonho de Pasárgada uma Babilônia. A permissividade anda a solta nessa Gomorra batizada de Capital Federal.

A cozinha poderia ser muito bem o gabinete, pois é nesse local que se tentam comer o melhor do menu que o país oferece. Obesos em suas contas bancárias, esses engravatados vão receitando para a população um regime de fome. Eles estão certos, gordura não é saúde! Nós o povo nos alimentamos muito bem com o bolsa família e nos exercitamos com a procura do emprego. Estamos aos olhos dos políticos bem nutridos.

A suíte nada mais é do que a alcova espalhada por cantos onde o sussurro e a conversa de lado convidam a facilidade para entrar nessa festa “caligular”. Quem quer mais verba? Eu! Quem quer dinheiro fácil e perpetuação de poder? Eu! Quem quer mais ignorância e miséria? Aí o povo é convidado para entrar, pois ele é a resposta dessa pergunta.

Recebemos de Juscelino a Capital Federal, mas o presente parece que veio estragado, pois veio recheado de paletós e gravatas. Um embrulho bonito, mas já com defeito. Essa capital está completando 50 anos de existência, as velas foram acesas, mas parece que iluminam um funeral. O funeral do povo brasileiro. Povo esse que aplaude a magnitude de uma obra-prima, mas que ainda não sabe que beleza não se põe na mesa. Brasília é como uma mulher bonita, que a gente leva para a cama, mas que é melhor ficar calada depois do amor, pra não acabar o encanto.