Acordo Fechado!
Esses dias, experimentei novamente minha total impotência diante a vaidade que a vida nos proporciona quer queiramos ou não. E novamente da pior forma, quando envolve pessoas que nos são mais que importantes, são essenciais.
Há quinze anos a vida fez-me sentir sua face cruel lançado as artimanhas do câncer, fazendo cair meu Pai numa vala de sofrimentos por longos 515 dias até a véspera do natal quando, em meus braços, silenciava o Homem que me deu Amor incondicional.
O tempo, que sempre vejo como um analgésico, amenizou as dores, mas é incapaz de apagar as cicatrizes...
Faz dois dias que a vida ensaiou uma nova investida contra esse meu coração que nunca se refez da perda de uma parte de mim (metade de mim será sempre o senhor, meu pai!).
O telefone tocou e minha esposa fala-me que nosso filho estava na emergência da Santa Casa com início de convulsão, febre de 40º... foi o bastante: sai feito louco para lá.
Não me recordo, sinceramente, de semáforos, ultrapassagens, de como estacionei...
Ver meu filho, o grande Amor da minha vida, a pessoa mais importante dos meus dias, por quem me dedico com devoção, deitado numa cama, sedado, com soro no braço e aguardando os resultados dos exames, numa sala da emergência com mais meia dúzia de pessoas, provei de muitas sensações.
Primeiro, a sensação de revolta: a vida não tem o direito de trazer quaisquer sofrimentos ao meu filho. Ela tem a mim para usar como quiser e a qualquer tempo, temos isso acordado desde o dia que meu filho nasceu. Ela não pode romper unilateralmente este acordo.
Segundo, a sensação de abandono: me permiti pensar “Deus, porque me abandonaste!...”, tudo bem, respeito quem possa pensar ser blasfêmia, nem vou querer convencer que para mim não foi!
Terceiro, a sensação de egoísmo: alheio aos sofrimentos dos demais daquela sala, do hospital, do mundo enfim, eu só conseguia enxergar a minha dor e, para saná-la, meu filho tinha que se recuperar como num passe de mágica.
Quarta, a sensação da realidade: fechei os olhos em oração e clamei por Deus e, como sempre, Ele estava ali, pude sentir sua presença e a calma se fez em mim e, sóbrio, pude avaliar as circunstancias com mais serenidade.
Infecção pulmonar foi o diagnóstico. Estamos em casa, acompanhando a evolução de sua recuperação que vem sendo satisfatória.
Só hoje, entre um remédio e outro, foi que vi o nome da doutora que o atendeu, numa receita: Dra. Cristiane Monnaisa. Preciso voltar lá para agradecê-la.
Nessa turbulência toda me recordei de uma frase que ouvi um dia de um dos meus irmãos (em tom de ironia e reprovação): “Você é muito sentimental para o meu gosto!”. E é verdade, se sentimentalismo é sentir apreço a quem nos é importante, eu sou sim.
Mas, por fim, sou obrigado a confessar, há uma outra sensação rondando meu viver nesse momento: O medo; medo de a vida quebrar nosso pacto.
Então, não mais entre quatro paredes, mas agora em palavras acessíveis a quem quer que seja, com Deus por testemunha, renovo o acordo: que tudo que venha trazer sofrimento ao meu filho que seja depositado em mim e pode ser em maior intensidade.
Acreditando que na vida nos aproximamos de Deus e do Aprendizado por apenas dois caminhos, pelo Amor ou pela Dor, que meu filho consiga sempre através do primeiro.
- Acordo fechado!
Esses dias, experimentei novamente minha total impotência diante a vaidade que a vida nos proporciona quer queiramos ou não. E novamente da pior forma, quando envolve pessoas que nos são mais que importantes, são essenciais.
Há quinze anos a vida fez-me sentir sua face cruel lançado as artimanhas do câncer, fazendo cair meu Pai numa vala de sofrimentos por longos 515 dias até a véspera do natal quando, em meus braços, silenciava o Homem que me deu Amor incondicional.
O tempo, que sempre vejo como um analgésico, amenizou as dores, mas é incapaz de apagar as cicatrizes...
Faz dois dias que a vida ensaiou uma nova investida contra esse meu coração que nunca se refez da perda de uma parte de mim (metade de mim será sempre o senhor, meu pai!).
O telefone tocou e minha esposa fala-me que nosso filho estava na emergência da Santa Casa com início de convulsão, febre de 40º... foi o bastante: sai feito louco para lá.
Não me recordo, sinceramente, de semáforos, ultrapassagens, de como estacionei...
Ver meu filho, o grande Amor da minha vida, a pessoa mais importante dos meus dias, por quem me dedico com devoção, deitado numa cama, sedado, com soro no braço e aguardando os resultados dos exames, numa sala da emergência com mais meia dúzia de pessoas, provei de muitas sensações.
Primeiro, a sensação de revolta: a vida não tem o direito de trazer quaisquer sofrimentos ao meu filho. Ela tem a mim para usar como quiser e a qualquer tempo, temos isso acordado desde o dia que meu filho nasceu. Ela não pode romper unilateralmente este acordo.
Segundo, a sensação de abandono: me permiti pensar “Deus, porque me abandonaste!...”, tudo bem, respeito quem possa pensar ser blasfêmia, nem vou querer convencer que para mim não foi!
Terceiro, a sensação de egoísmo: alheio aos sofrimentos dos demais daquela sala, do hospital, do mundo enfim, eu só conseguia enxergar a minha dor e, para saná-la, meu filho tinha que se recuperar como num passe de mágica.
Quarta, a sensação da realidade: fechei os olhos em oração e clamei por Deus e, como sempre, Ele estava ali, pude sentir sua presença e a calma se fez em mim e, sóbrio, pude avaliar as circunstancias com mais serenidade.
Infecção pulmonar foi o diagnóstico. Estamos em casa, acompanhando a evolução de sua recuperação que vem sendo satisfatória.
Só hoje, entre um remédio e outro, foi que vi o nome da doutora que o atendeu, numa receita: Dra. Cristiane Monnaisa. Preciso voltar lá para agradecê-la.
Nessa turbulência toda me recordei de uma frase que ouvi um dia de um dos meus irmãos (em tom de ironia e reprovação): “Você é muito sentimental para o meu gosto!”. E é verdade, se sentimentalismo é sentir apreço a quem nos é importante, eu sou sim.
Mas, por fim, sou obrigado a confessar, há uma outra sensação rondando meu viver nesse momento: O medo; medo de a vida quebrar nosso pacto.
Então, não mais entre quatro paredes, mas agora em palavras acessíveis a quem quer que seja, com Deus por testemunha, renovo o acordo: que tudo que venha trazer sofrimento ao meu filho que seja depositado em mim e pode ser em maior intensidade.
Acreditando que na vida nos aproximamos de Deus e do Aprendizado por apenas dois caminhos, pelo Amor ou pela Dor, que meu filho consiga sempre através do primeiro.
- Acordo fechado!