Sobre Enganos e Desenganos
A gente matura com o tempo feito fruta...
Há coisas boas e imperceptíveis nesse amadurecer.
Também há confrontos e conflitos sobre a percepção que tínhamos dessa realidade.
E as cortinas que estavam descerradas aos nossos olhos abrem-se e deixam ver um visual novo, que nem sempre, ou a maioria das vezes não é, nem mais brilhante nem mais bonito.
Algumas pessoas levam pouco tempo até enxergar a realidade.
Outras, talvez por credulidade, ingenuidade, demoram-se muito a ver.
Caem facilmente no jogo de enganos e acreditam “por princípio” que as pessoas são aquilo que dizem ser...
Que não há jogos de interesse, nem segundas intenções, e que prevalece sempre a sinceridade, a lealdade, a ética.
Mas o mundo não é assim.
As pessoas não são assim.
Durante anos pode-se viver uma relação nos moldes do engano.
Onde geralmente a boa fé, a pureza de sentimentos de um é usada a favor de quem é mais “ esperto”.
Há verdadeiros crimes que se cometem nessa área contra o ser humano.
Crimes que não estão previstos no código penal, apenas na consciência ética inscrita em nós.
Talvez o mais comum deles seja manipular o sentimento das pessoas para que elas atendam aos interesses imediatos dos tais “espertos”. Esses costumam ser envolventes, charmosos, e sabem muito bem avaliar as fragilidades e as capacidades do outro, dimensionam bem as competências de que precisam se utilizar. Eles sabem dizer o que o outro deseja ouvir. Sabem ser ternos, carinhosos e amigos, desde que haja algum interesse na relação, algo a usufruir.
São incapazes de sentir remorso, porque pragmatizam e racionalizam os seus motivos e o seu “modus operandi”.
Se a situação muda, e não mais necessitam de “ganhar” a confiança, facilmente mostram a sua face.
Mas se em seguida necessitam dos préstimos da mesma pessoa, “voltam à carga”, sem o menor pejo. E seja por fragilidade, carência afetiva ou ingenuidade, conseguem o que desejam sempre.
São excelentes atores, verdadeiros “camaleões”, profissionais em manipular emoções e sentimentos em seu favor.
Mas... Pode chegar o momento em que os “manipulados” por fim, deixam “a ficha cair” e os espertos ficam à descoberto.
Todo esse processo tem um ônus emocional importante. De imediato, perde-se um pouco o brilho do olhar, e sente-se uma tristeza, talvez um sentimento de perda de uma amizade (que nunca se teve!)
Depois, pode-se analisar melhor a situação e creditar tudo isso a incapacidade de amar ou a capacidade de amar de cada um...
Talvez o mais importante seja dizer pra si mesma: aprendi. E seguir adiante sem desacreditar da espécie humana.
Mas nenhuma dessas situações acontece sem o beneplácito do tempo e talvez alguma ajuda direta para não se cair nos mesmos enganos sempre.
Há que se saber “blindar” a alma e cuidar do sentimento, e mesmo sem partir para o extremo oposto do tipo “ não acredito mais em ninguém”, seguir vivendo na intenção e na certeza de que “ hoje é um belo dia pra se ter alegria”(Robertá Sá) e ser feliz o quanto nos permita ser nesse mundo.