O PRAZER DE ESCREVER
É preocupante o que acontece com os nossos jovens diante da derradeira hora de escrever a “redação” para o concurso vestibular nas inúmeras universidades deste país. A cada ano que passa o nível cai e apenas um contingente muito pequeno de candidatos consegue galgar “um lugar ao sol”, obtendo o sucesso desejado.
Concordo com Mário Simon, professor de um curso pré-vestibular, que escreveu acerca deste assunto, isentando o ensino não muito qualificado nesta área nas escolas e até mesmo absolvendo a televisão, a alienação universal, a falta de expectativas e a preguiça generalizada. Todavia o professor Mário condena os livros e cursos que se destinam a ensinar redação, que quase sempre ignora ou pouco valoriza a obviedade neste sentido, que é “colocar a alma no escrever”.
Diz mais: “...Se o aluno não aprender a gostar de escrever, nunca escreverá bem. Como em qualquer situação que a vida nos apresenta, se não gostarmos dela, ficará de lado, incompreendida, insatisfeita, ignorada com o tempo”.
Ora, creio que reside exatamente neste ponto a solução para o problema. É preciso como ele diz: “o estímulo da alegria de fazer a escrita”. Porquanto, o que se necessita é de componentes de estímulos para despertar o interesse desde cedo na criança.
Na escola, alguns bons professores conseguem muito raramente esta proeza, mas o gosto pela escrita deve começar em casa, inicialmente através da leitura. Há coisas simples que os pais podem fazer para ajudar, como a assinatura de um jornal em nome da criança mais jovem da casa. Esta iniciativa fará com que ela, ao saber disso, se sinta prestigiada e com isso, depois de alfabetizada, estimulada pela curiosidade comece a se interessar pelo que ali está escrito.
Uma outra coisa que os pais podem praticar é facilitar o contato das crianças com os livros, mesmo que o hábito da leitura não seja uma constante em casa; devem o pai e a mãe pelo menos fazer de conta que lêem, porque comprovadamente sabemos que o exemplo é o que educa, pois as crianças copiam e repetem o tempo todo o que fazemos a sua volta.
O prazer e a alegria de escrever, por conseguinte, começa com a leitura, mas de forma espontânea e natural.
No entanto, para que atitudes simples como estas dêem certo, é necessário que jamais exista nenhum tipo de pressão ou coação por parte das partes envolvidas, almejando algo em troca pelo resultado obtido. A obrigatoriedade põe por terra todo o processo encetado.
Fundamentalmente, tudo deve ser feito com muito carinho, tranqüilidade e amor incondicional. A partir daí, o que quisermos que aconteça se concretizará.