O Nobel é meu!

Eis que nem bem assumiu e já disseminou a paz pelo mundo. Estou falando do verdadeiro “cara”, o senhor de tudo, aquele que quase devemos pedir a benção. Sem nem mesmo apaziguar briga de galo, tal presidente acabou de ganhar o Nobel da Paz. Eu que nada sou, já consegui fazer dentista conversar com paciente e o paciente responder, e olhe que isso é coisa difícil.

Separei a briga de dois bêbados que queriam a rua só pra eles. Fiz um crente receber a hóstia, um católico ouvir uma palestra e um espírita entrar numa igreja protestante. Quer coisa mais difícil que essa? Sem contar que consegui reunir na mesma mesa um flamenguista e um vascaíno. Brindaram juntos, podem crer. Com algum esforço fiz o povo até apertar a mão de políticos. Sem contar que fiz as pazes com meu corpo, que há muito tempo andava fora de forma. Eu não briguei com minha barriga, mas nos separamos amigavelmente. Com um pouquinho de esforço arranquei elogios eloqüentes de Nilson, esse é duro na queda! Sem contar que estou de bem com o meu fígado, ele está tão bem que até brindei com doses exageradas de uísque.

Pra ganhar o Nobel da paz meu caro, tem que fazer algo por ela. Estou falando com você “presidente do mundo”. Se você é mesmo esse apaziguador, venha aqui e coloque no mesmo lugar são-paulinos e corintianos, e que fiquem sem se esbofetearem por apenas segundos. Aí sim, se você conseguir eu mesmo lhe aplaudo de pé. Tem outra coisa “senhor da paz”, se conseguir me fazer ser amigo de uma boa noite de sono, de um prato de saladas e de esportes, eu tiro meu chapéu pra você. Agora meu chapa, não fez nada, não conseguiu nem apaziguar briga de vizinho, nem fez as pazes com sua patroa e ganha o Nobel. Não, não! Por tudo que eu já fiz eu questiono o seu prêmio e digo que o Nobel é meu.