Casei-me!

Melhor seria colocar no título “casaram-nos”, porque foi exatamente assim que aconteceu. Gosto de modernidade, de novidade, mas foi liberal demais. Ou antigo demais? Explico-me.

Um dia desses, chego ao trabalho e vejo que algumas plaquinhas com o nome dos colegas ficaram prontas e já estavam coladas nas respectivas portas das salas. E sobre a minha mesa, havia uma plaquinha escrita: “Profª Lie Fuchigami”. Levei o maior susto e fui perguntar quem é que havia me casado com a Profª Lie sem a minha autorização. Teria sido ela?

(Não costumo citar os nomes das pessoas nos meus textos. Espero que a minha ilustríssima cônjuge não se desagrade com isso ou terei que arcar com dolorosas consequências domiciliares.)

Sei que antigamente os pais é que escolhiam com quem suas filhas se casariam. Mas pelo menos elas sabiam o dia do casamento e com quem seria. No meu caso, não tive o direito de escolher nem a pessoa, nem o dia. Quando vi, já tinha sido. Pior que marido traído, é ser o último a saber QUE SOU O MARIDO.

Um aluno dela que nem soube dessa estória toda comentou depois de ter nos visto num restaurante: “ah, professora, eu te vi tomando caldo, mas você estava com o seu marido e nem me viu.” É... ela é realmente uma esposa muito séria (na presença do marido).

Recentemente, precisei de outro aparelho de celular para um novo chip. Foi a Lie que me emprestou um provisoriamente. Quem me viu “de celular novo” perguntou. E eu respondi: “você não sabe que quando a gente casa, usa as coisas conjuntamente?”

Paralelamente a esta estória, aconteceu outra. O carregador da bateria da minha máquina fotográfica sumiu. Desapareceu completamente. Procurei em tudo quanto é lugar, e nada. Vasculhei minha casa inteira, a UFG, perguntei para o segurança dos achados-e-perdidos, e nada!

Fiquei triste. Gosto de fotos. Já me roubaram uma máquina fotográfica. Esperei. Tem muitas coisas que somem e não aparecem na hora que a gente quer. Tentei usar a técnica de “esquecer do que sumiu que quando a gente menos esperar aparece”.

Quando fui à famosa Caldas Novas pela primeira vez, tirei fotos somente enquanto havia bateria. Resultado: pouquíssimas fotos num lugar tão lindo... Já que registrei poucas memórias digitais, preciso voltar lá para reavivar as reais.

Com a viagem para o congresso em Salvador se aproximando, precisei tomar uma providência em relação à máquina fotográfica. Não poderia mais ficar esperando o carregador reaparecer como mágica. Na primeira loja que visitei, o carregador custava 150 reais. Compensa comprar uma máquina nova. E continuei a andança por mais 5 ou 6 lojas de Catalão. Só encontrei na última, por 30 reais. Alívio total. Testei e comprei feliz da vida.

Quando voltei para a UFG, após o almoço, ainda com o novo carregador na mão, pronto para usá-lo e poder baixar as (poucas) fotos de Caldas Novas, encontrei a Lie também chegando. Rapidamente, comentei a estória e ela solta: “Será que o carregador não ficou comigo...?”

De fato, não me ocorreu de perguntar se o tal carregador estaria na bolsa da minha “esposa”, afinal, bolsa de mulher tem de tudo... É que eu pensei que se por acaso estivesse com ela, durante todo esse tempo ela teria percebido e me devolvido. Mas como tem de tudo lá, ela também não se deu conta.

Com o mistério solucionado, eu agora tinha dois carregadores. Trinta reais não é muito, mas também não é pra se jogar fora assim. Voltei à loja. Consegui devolver e pegar um vale para comprar outra coisa quando precisar.

Ainda bem que o final foi feliz. Eu sabia que essa estória de casamento tinha que ter a parte boa...

(Catalão, 13/05/2010)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 21/05/2010
Código do texto: T2270502
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.