AFINAL, QUEM DEU O GOLPE?
Uma loja de relógios caríssimos e outros artigos importados num luxuoso shopping.
Um rapaz trajando uma jaqueta de couro marrom, cabelos bem cortados, sapatos de couro e óculos de aros finos, adentra o recinto.
Uma Caixa, educadíssima e solícita, recebe-o com um largo sorriso antes mesmo de ele chegar ao balcão.
¬- Boa tarde, senhor! Posso ajudar?
- Acho que sim! Eu ia pagar o boleto - pago por telefone - mas o código de barra não foi aceito. Vim saber como resolver...
- Deixe-me ver!
O rapaz abre uma pequena pasta que depositou sobre o balcão de vidro. Ao tirar um carnê, diz de supetão, mudando completamente o tom e fazendo menção de puxar algo de dentro da pasta:
- Rápido! Todo o dinheiro do caixa!!! Não tente acionar o alarme aí no chão! Antes mesmo de levantar o pé, São Pedro já estará abrindo as portas pra você. Rápido! – fala agitado.
A caixa encara-o, assustada, tremendo. Vai empalidecendo e escorregando para o chão. O rapaz entra em pânico quando a vê estirada e inerte.
- Gente... a Caixa... desmaiou...
Corre corre de funcionários para socorrê-la. E uma voz de mulher esclarece:
- Meu Deus! Só esta semana já é a segunda vez que ela desmaia. Essa menina está com algum problema de saúde, mas não quer ir ao médico. Que podemos fazer? Obrigado, senhor, por nos avisar!
- De nada! – responde o rapaz e sai apressadamente.
Já quase chegando na saída, sente algo gelado na sua nuca ao mesmo tempo em que a pasta é arrancada de sua mão. Em seguida uma voz grossa e autoritária ordena:
- Parado! Levante as mãos! Não tente nada, ouviu???
Ele se sente verdadeiramente ameaçado. Balança a cabeça em atitude afirmativa e obedece.
Nisso chegam, juntando-se ao Segurança, duas funcionárias, as quais, bastante sérias, se postam ao lado do rapaz. Uma delas é a Caixa que havia desmaiado.
O Segurança que deteve o rapaz manda as moças revistá-lo. Assim elas o fazem. Nada encontram. Revistam a pasta também. Nenhuma arma.
O Segurança, que a tudo assistia, sorrindo e olhando com cumplicidade para as moças, recomenda:
- Levem o rapazinho lá pros fundos. Vocês sabem o que fazer, mas não deixem pistas. Depois eu chamo a polícia!