Banho frio na manhã de junho

Quando eu tinha uns 12 anos, meu pai trabalhava em uma empresa com atividade na zona rural, e nas imediações do local de trabalho existia uma espécie de vila operária, onde os trabalhadores moravam. E nós morávamos lá.

Nas proximidades, cerca de uns duzentos metros havia um córrego de águas límpidas, onde eu mais uma turminha de minha idade gostávamos de tomar banho.

Numa manhã fria de junho, eu levantei cedinho, por volta de 06:30(não sei pra que) e fui pra beira desse córrego, onde tinha um poço de um metro e pouco de profundidade, local preferido de nossas algazarras. E lá estava o Aureliando, um dos trabalhadores da companhia, contemplando o córrego, sei lá. Tava de bobeira por ali.

Cheguei, cumprimentei-o e conversamos algumas amenidades, sobre o frio, sobra a temperatura da água.

Era um frio de rachar. Havia uma certa névoa baixinha, sobre a água do riacho, que estava fria de doer até a alma.

Então o meu interlocutor lascou:

- Você tem 5,00 se pular nessa água agora.

Aquilo pra mim foi um desafio em tanto. Pensei, pensei... Eu não podia perder aquela grana.

- Posso tirar a roupa antes de pular? – Perguntei, no que ele concordou.

Não pensei duas vezes. Arranquei as roupas e antes que ele mudasse de idéia, pulei na água.

Quando eu estava lá dentro do poço – quer dizer do tanque de gelo – ele deu uma gargalhada e foi saindo de mansinho. Eu, claro reclamei as minhas cinco pratas.

- Eu não te devo nada, oras bolas.

- Mas e nosso acordo? Eu pulei na água, não é?

- Eu disse que você TEM 5,00. E tem mesmo, qualquer um tem. Eu não disse que EU DARIA.

E foi-se embora, me deixando com cara de bundão, ainda dentro da água!

Essa é a primeira vez que conto essa história. (Ainda bem que ninguém está me vendo pessoalmente)

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 21/05/2010
Reeditado em 13/09/2013
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