PALMADAS PEDAGÓGICAS

Jorge Linhaça

Há coisas que acho que só acontecem no Brasil, não sei se pela evolução ou pela involução de nossa sociedade.

Atualmente tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que pretende proibir as famosas palmadas corretivas que os pais costumam dar nos filhos.

Não sei se o congresso nacional não tem coisas mais urgentes para votar ou se atende ao clamor de algum segmento intelectualóide de nossa sociedade.

Claro que sou contra o espancamento como forma de resolver os problemas, mas daí a incluir aquelas palmadinhas no bum-bum como crime já é um pouco demais.

Quando vejo as psicólogas ou psico-pedagodas defendendo esse projeto de lei fico imaginando se elas não se preocupam em avaliar a sociedade como um todo.

Vejam bem, evoluímos da nefasta escolástica com seus castigos fisicos em sala de aula através de , por exemplo, a palmatória. Com certeza foi um grande ganho...

O advento da tal "psicologia moderna", no entanto, truoxe uma série de comprometimentos à educação como um todo.

Criou-se a imagem de que a total liberdade e diálogo seriam capazes de criar pessoas mais produtivas e menos traumatizadas. O que se viu, no entanto, ao longo dos anos foi a proliferação de crianças e adolescentes cada vez mais irresponsáveis e mimadas. Não é raro tomarmos conhecimento ou presenciarmos o desrespeito dos mesmos com pessoas ou instituições.

As escolas, em geral, tornaram-se reféns de comportamentos indesejados, abalizados pelos senhores pais que criam seus filhos "ao Deus dará " incapazes que são de estabelecer limites dentro das paredes de seu próprio lar.

As crianças hoje são precoces não em entendimento ou discernimento, são precoces em impor a sua vontade , sustentadas por um simulacro de lei que lhes estabelece uma série de direitos e não lhes cobra nenhuns deveres.

Claro que existem excessões à regra ,mas, estas apenas confirmam o quadro geral.

Qualquer diálogo só é possível quando existe pre-disposição de ambas as partes de entender e fazer-se entendido. Nem sempre uma simples conversa é capaz de reverter um quadro de indisciplina.

A TV ,no geral, por exemplo, glamouriza a rebeldia e sedimenta valores inversos aos que conduzem a um amadurecimento.

Hoje em dia os filhos tornaram-se ditadores em suas casas e ai dos pais que não lhes concederem as coisas desejadas, sejam elas um celular novo, um tênis de marca ou outro mimo qualquer.

Como chegamos a isso? Com certeza por uma somátória de vários fatores, entre eles o sentimento de culpa dos pais por abrirem mão de uma convivência mais próxima dos filhos, priorizando a busca por melhores condições econômicas.

Muitas vezes isso acontece, não por ambição, mas por necessidade de sobrevivência, no entanto ,mesmo quando há uma condição econômica razoável, existe aquela busca desenfreada de um certo "status quo" que leva os paia a estarem cada vez mais ausentes para frequentarem academias, salões de beleza ou reuniões sociais.

Não é de se estranhar, portanto, que para livrarem-se da culpa decorrente dessa busca incessante e frívola pela aquisição e acúmulo de bens, vários pais optem por realizar todos os desejos de seus filhos, sejam estes crianças ou adolescentes.

Cria-se assim uma sociedade de alienados e irresponsáveis que , mais adiante criarão uma nova geração ainda mais irresponsável e sem limites.

Exagero meu ?

Para quem pensa assim, basta ver onde andam nossos jovens hoje em dia e o que fazem de seu tempo livre. A resposta mais frequente será : nas baladas, tomando todas e pegando todas e todos.

Seria o caso de fazermos um paralelo entre as atitudes dos jovens atuais e os de gerações passadas, um olhar atento há de conduzir-nos à constatação de que, a cada geração o aumento das "liberdades" vem fazendo crescer em proporção geométrica a tendência à violência, ao uso de drogas, à libertinagem e à falta de respeito para com a sociedade como um todo.

Não estou defendendo aqui o espancamento como forma de educar, no entanto existem situações e situações e ao meu ver , muita coisa poderia ser evitada se logo cedo aquela palmada bem dada fizesse com que os serem em formação descobrissem que não pode fazer tudo o que desejam.

Quem sabe se os nossos ilustres deputados, senadores, vereadores e etc, tivessem recebido umas boas palmadas quando fossem pegos em alguma mentira, hoje não tivéssemos de conviver com um quadro onde a corrupção e o descaso com a população fossem tão gritantes.

Talvez não convivessemos hoje com a realidade de jovens embriagados e drogados matando os próprios pais ou outras pessoas por este Brasil afora, seja propositalmente ou em "acidentes de trânsito".

Talvez não vissemos o sofrimento de tantos pais ao perderem seus filhos, vendo-os ir para o cemitério ou para a cadeia, ou mesmo sucumbindo à ilusão das drogas.

Talvez não vissemos tantos pais sentindo-se obrigados a arcar com as despesas de filhos já adultos que jamais tiveram uma ocupação na vida e acham isso muito natural.

Não impôr limites aos filhos causa tudo isso e muito mais...

Quem tem olhos veja, quem tem ouvidos ouça...quem amar os filhos estabeleça limites claros de atitudes e bens materiais.

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anjo.loyro@gmail.com

SP, 20 de maio de 2010