Dependência e independência
Confesso que não observo com a atenção que poderia, mas tenho a impressão de que uma das divisões que existe entre as pessoas é a daqueles que lutam para “dependerem” e aqueles que lutam para não dependerem. Dito assim, tão genericamente, não dá para saber de que essas pessoas querem depender ou não, claro! Diria que é de tudo. Dos pais, dos irmãos, dos amigos, dos professores, dos chefes, do conforto, da tecnologia, das preferências alimentares, das estações do tempo, dos bairros, cidades...
Esse pensamento parece dividir as pessoas em modernas e antigas. A sensação que tenho às vezes é a de que as pessoas chamadas modernas são mais dependentes e sofreriam mais com as perdas (geralmente materiais) e as antigas, menos, por serem também menos dependentes. O paradoxo é que ser moderno é ser independente, mas do que?
Parece-me que esta pergunta pode determinar o que realmente é fundamental na nossa vida. O que é primário e o que não é. É possível que as pessoas saibam o que é primário, mas elas acham tão obvio a existência do que lhe é básico que passam a superestimar as demais coisas e isso é um tipo de dependência que puxaria outra discussão: “o que controlo e o que não controlo?”.