Um doce olhar
A muitos anos atrás, quando meus 3 filhos eram crianças, eu fui num domingo com eles passear na FIC (Feira da Indústria e Comércio), aqui em Goiânia.
E com as crias, andamos de um lado para outro, brincando, divertindo, olha uma coisa, outra, vamos num stand, noutro, distraindo com pipoca, lanches, algodão doce, o dia era deles.
Passamos em um stand de indústria de tubos de PVC, e os seus cartões de visita eram exatamente nas mesmas dimensões e aparência de um cartão de crédito, rígido, do mesmo material.
E então uma das pessoas que recepcionavam os visitantes deu para cada um de meus filhos um punhado dos cartões, até que bonitos, bem coloridos. Nem é preciso dizer que crianças adoram essas coisas. E os cartões viraram brinquedos deles.
Mais tarde, quando fomos embora, eu mais os três pimpolhos, paramos no terminal de ônibus. Pensa a disposição: eu, três crianças de idades entre 3 a 7 anos, enfrentando as superlotações de ônibus.
Já no ponto, ficamos por ali, esperando a condução. E logo em seguida, uma mulher se aproximou com uma filha, penso que de uns 3 aninhos e ficaram bem próximas de nós, esperando o mesmo ônibus.
Passado algum tempo eu notei que a menina estava olhando muito interessada para os cartões que estavam nas mãos de meus filhos. Então eu os chamei, e disse que gostaria de dar alguns pra menina, no que concordaram. Eu pedi 2 unidades de cada, e então me aproximei da menina, ali sob o olhar atento da mãe, e lhe dei 6 cartões, alvo do interesse dela.
E aí veio a surpresa: Ela os pegou prontamente e olhou para mim, dentro de meus olhos, com o melhor olhar de agradecimento que eu jamais vira em minha vida. Ela me sorriu intensamente com o olhar, com ar de triunfo. Parecia que eu lhe dera um tesouro. Eu me comovi. Nunca imaginaria o quanto ela ficaria feliz com aqueles cartões coloridos. Eu entrei em estrado de graça e comentei com meus filhos, sobre o quanto ela gostou.
Então me abaixei, perguntei-lhe se tinha irmãzinhos em casa, ela balançando a cabeça afirmou que sim. Perguntei quantos, ela meio sem jeito, entre o tímida e alegre, com os dedinhos indicou 2.
Perguntei se queria levar alguns para eles, ela com a cabeça afirmou que sim. Voltei aos meus filhos e perguntei se cada um deles podiam dar mais dois. Eles concordaram e me deram. Então eu os juntei e entreguei a um deles para que os desse à menina. Eles tinham de participar daquele momento. E avisamos que era para seus irmãozinhos.
A mãe, claro, ficou agradecida.
Pouco depois tomamos o ônibus e nunca mais vi aquelas pessoas. E isso ficou gravado em minha mente, como um momento maravilhoso, que tive a graça de experimentar e compartilhar com meus filhos.
Fica a conclusão: como é fácil agradar a uma criança! Como é fácil lhes dar o universo inteiro! E como elas o agradecem intensamente! Com um olhar, com um sorriso. Com toda intensidade de sua inocência.
Quanto a meus filhos, hoje entre seus 28 a 32 anos, são homens de bem, são justos, amigos, companheiros entre si. São meu tesouro maior. São meus motivos de agradecer a Deus por existirem.