Amor
O fim da novela, com o desabafo da Paixão, me faz refletir sobre uma série de exemplos na vida real, em que pessoas sofrem, desiludidas, decepcionadas por causa do amor.
Já defendi em outras ocasiões que, na realidade, o sofrimento não é bem por causa do amor, mas pela sensação de não ser amada(o).
A capacidade de amar é o que há de mais característico e positivo no ser humano. É a demonstração do sucesso do desenvolvimento físico e emocional. É a garantia de uma personalidade saudável e serena.
Mas, o mistério de sentimento tão íntimo, a sua realização plena, está condicionada à presença do outro. Nem mesmo Narciso escapa a este apelo.
Pode acontecer, um grande azar, uma peça do destino, o Outro que se quer, eleito incondicionalmente para receber o sublime amor, não corresponder. Sendo assim, entre tantas, duas alternativas se vislumbram: o amor ficar cego, surdo e mudo e a pessoa perambular, penitente, mendigando migalhas de afeto; ou , reconhecer o caráter egocêntrico do amor e sofrer, uma dor profunda, íntima e continuar a viver, até que o pródigo tempo providencie uma nova oportunidade para se manifestar a intrínseca capacidade de amar, sem descabelar!
João dos Santos Leite
Psicólogo - CRP 04-2674