[em que ponto perdemos o nosso foco ?!?!?]
Admirável Sexo Novo
Entrei numa discussão inútil sobre o efeito que a tecnologia causa na nossa vida de simples mortais, condicionados às mordomias dos tempos modernos.
Pois é, eu que sou dada a uma boa noitada pelos meandros da rede e que já consegui até reencontrar um irmão perdido através de buscas na internet, quase apanhei. Se eu não recuo teria levado uns tapas.
Cá entre nós, não dá para voltar atrás e querer morar com um amor numa cabana. Esquento o meu leitinho no microondas, leio o jornal pelo newsletter, troco confidências com minha filhinha através do MSN e descarregamos milhares de fotos no computador. Além da possibilidade de participar de grupos de discussão de textos, o que eu jamais pensaria, há 20 anos, quando era apenas uma acadêmica bonitinha que fazia sucesso entre os colegas nas intermináveis discussões sobre qualquer coisa, até pela caipirinha de vodka ou das hipotenusas e seus catetos na “marvada” matemática básica.
Impensável, já naquela época era fazer uma prova de estatística sem a boa e moderníssima HP ou a sua concorrente TEXAS.
Mas mesmo querendo as mordomias adquiridas neste nosso “Admirável Mundo Moderno”, e mesmo não tendo acesso à soma* e não querendo droga nenhuma para me dar bem, eu ainda prefiro um namorado com uma boa pegada, desligo a televisão aos domingos para ter mais tempo com as coisas banais da vida, como ler um bom livro e colar figurinhas no álbum da Copa.
Com isso, quero pedir desculpas ao poeta que citou Caetano, pois embora eu goste muito dele, não sei se concordo muito com esse negócio de prateleiras confusas**, aliás prá mim, confuso é o Caetano. Porque eu ainda gosto de abrir o livro, cheirá-lo, degustá-lo e lê-lo muitas e muitas vezes. Aliás, não sei o que faria sem meu velho exemplar de Mensagem do Fernando Pessoa.
Nada como um bom livro para preencher um sábado que parecia morto, nada como um livro compartilhado com alguém especial, depois de um afeto concretizado (oh delícia!). Não gosto de ler grandes textos através do vídeo, ainda prefiro a mágica de um virar de páginas.
Apesar da INTERNET, das redes de relacionamento, do Recanto das Letras, e por conta das más interpretações dos e-mails, e de MSN ocultando pessoas e ensejando dúvidas de caráter, eu ainda acredito no tête-à-tête (será que é assim que se escreve?). E acredito no olhar nos olhos, no sorriso real, no beijo melado, no corpo a corpo e mãos escorregadias por todas as partes. Ainda prefiro uma boa roda de chimarrão, uma pizza na casa de amigos e a televisão desligada (às vezes).
E apesar de todas as “modernices”, garanto que o sexo virtual não é definitivamente a minha praia. Beijo na boca ainda é a melhor droga que eu conheço, e a cabeça quadrada dessa telinha mágica em minha frente não me causa nenhum frisson. Tesão mesmo, só com a quentura que um belo corpo humano pode me dar ... E tem que ser do sexo oposto, senão não dá liga.
Por fim, eu declaro: - Benditas essas máquinas apaixonantes que nos aproximam!
- * Soma – Em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley descreve uma sociedade perfeita, que era dominada por um único governante, onde o estado distribuía uma droga chamada SOMA para os cidadãos, e todos tinham uma vida muito calma, sem estresse e que ajudava na disciplina de todos os habitantes – Pensando aqui com meus botões – Até que uma droquinha dessa quebraria um galho numa sala de aula com 40 alunos querendo quebrar tudo.
- ** Prateleiras confusas - Verso de uma música Livros de Caetano Veloso que diz: - “Encher de vãs palavras muitas páginas // E de mais confusão as prateleiras.”
Admirável Sexo Novo
Entrei numa discussão inútil sobre o efeito que a tecnologia causa na nossa vida de simples mortais, condicionados às mordomias dos tempos modernos.
Pois é, eu que sou dada a uma boa noitada pelos meandros da rede e que já consegui até reencontrar um irmão perdido através de buscas na internet, quase apanhei. Se eu não recuo teria levado uns tapas.
Cá entre nós, não dá para voltar atrás e querer morar com um amor numa cabana. Esquento o meu leitinho no microondas, leio o jornal pelo newsletter, troco confidências com minha filhinha através do MSN e descarregamos milhares de fotos no computador. Além da possibilidade de participar de grupos de discussão de textos, o que eu jamais pensaria, há 20 anos, quando era apenas uma acadêmica bonitinha que fazia sucesso entre os colegas nas intermináveis discussões sobre qualquer coisa, até pela caipirinha de vodka ou das hipotenusas e seus catetos na “marvada” matemática básica.
Impensável, já naquela época era fazer uma prova de estatística sem a boa e moderníssima HP ou a sua concorrente TEXAS.
Mas mesmo querendo as mordomias adquiridas neste nosso “Admirável Mundo Moderno”, e mesmo não tendo acesso à soma* e não querendo droga nenhuma para me dar bem, eu ainda prefiro um namorado com uma boa pegada, desligo a televisão aos domingos para ter mais tempo com as coisas banais da vida, como ler um bom livro e colar figurinhas no álbum da Copa.
Com isso, quero pedir desculpas ao poeta que citou Caetano, pois embora eu goste muito dele, não sei se concordo muito com esse negócio de prateleiras confusas**, aliás prá mim, confuso é o Caetano. Porque eu ainda gosto de abrir o livro, cheirá-lo, degustá-lo e lê-lo muitas e muitas vezes. Aliás, não sei o que faria sem meu velho exemplar de Mensagem do Fernando Pessoa.
Nada como um bom livro para preencher um sábado que parecia morto, nada como um livro compartilhado com alguém especial, depois de um afeto concretizado (oh delícia!). Não gosto de ler grandes textos através do vídeo, ainda prefiro a mágica de um virar de páginas.
Apesar da INTERNET, das redes de relacionamento, do Recanto das Letras, e por conta das más interpretações dos e-mails, e de MSN ocultando pessoas e ensejando dúvidas de caráter, eu ainda acredito no tête-à-tête (será que é assim que se escreve?). E acredito no olhar nos olhos, no sorriso real, no beijo melado, no corpo a corpo e mãos escorregadias por todas as partes. Ainda prefiro uma boa roda de chimarrão, uma pizza na casa de amigos e a televisão desligada (às vezes).
E apesar de todas as “modernices”, garanto que o sexo virtual não é definitivamente a minha praia. Beijo na boca ainda é a melhor droga que eu conheço, e a cabeça quadrada dessa telinha mágica em minha frente não me causa nenhum frisson. Tesão mesmo, só com a quentura que um belo corpo humano pode me dar ... E tem que ser do sexo oposto, senão não dá liga.
Por fim, eu declaro: - Benditas essas máquinas apaixonantes que nos aproximam!
- * Soma – Em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley descreve uma sociedade perfeita, que era dominada por um único governante, onde o estado distribuía uma droga chamada SOMA para os cidadãos, e todos tinham uma vida muito calma, sem estresse e que ajudava na disciplina de todos os habitantes – Pensando aqui com meus botões – Até que uma droquinha dessa quebraria um galho numa sala de aula com 40 alunos querendo quebrar tudo.
- ** Prateleiras confusas - Verso de uma música Livros de Caetano Veloso que diz: - “Encher de vãs palavras muitas páginas // E de mais confusão as prateleiras.”