HOMENAGEM À ESCRITA
HOMENAGEM À ESCRITA
Como é dolorida a arte de escrever, pegar a caneta e guiá-la por caminhos que não têm placa de direção. O sangue, muitas vezes, é derramado e confundido com o suor, contudo, as frases têm que sair. Cada parágrafo é o começo do trabalho, no qual, a escrita começa a agir. A pausa, que a vírgula dá, é o descanso que se tem para pensar e colher a palavra que, muitas vezes, se esconde atrás do texto.
Escolher o tema, a conjunção correta, os verbos, léxicos, o caminho a ser seguido, tudo isso causa angústia, pois nada é oferecido, tudo é buscado de forma simples ou de maneira em que nos entregamos em holocausto.
A ninguém é dado o direito de brincar com a caneta; o respeito pela palavra é que vai mostrar o valor do conteúdo do texto. É preciso se desnudar de preconceitos e regras, pois a palavra é nua e crua; não admite máscaras nem maquiagem para se mostrar. É necessário ter intimidades com a escrita e até mesmo, se possível, dormir com ela. É de bom tom tentar vê-la despida, contudo, sem constrangê-la. Tentar arrancá-la de seu estado de descanso é brigar de forma grosseira e não esqueça, ela reage com brutalidade, não obedece a ditadores, apenas às regras, que ela mesma criou .
Pontuar sempre com discernimento é o segredo para a clareza, pois, sem isso, como respirar os sentidos? O dicionário deve estar sempre ao lado, a ninguém é ofertado o direito de tudo saber ( mas, não vamos prender seus sentidos; a palavra precisa de se libertar de seu estado petrificado); qualquer dúvida, ele esclarece.
Não há necessidade de um vocabulário rico, rebuscado, o importante é haver acontecimento e colocar, as coisas, de maneira clara e legível, assim, multiplicar-se-ão os assuntos e a palavra vai sempre pedir permissão na hora de beijar o papel.
Antes de terminar o texto, enxugue o suor do rosto, analise e ponha o ponto de segmento; deixe o ponto final para quando encerrar a sua própria história.
Mário Paternostro