O dom que não temos

Hoje li “O dom de Cada Um” de nossa excelente colega do Recanto, a Anita D. Cambuim, e, pedindo licença a ela, vou fazer um aparte.

O ser humano nasce artista. Sei que muitos não concordam, mas vou explicar. Quando nascemos temos total liberdade de ver e pensar, tal como nosso cérebro interpreta tudo o que vê. Não sabemos escrever ainda, mas aprendemos a rir de coisas engraçadas e chorar de coisas assustadoras, então temos interpretação. Pensamos que estamos vendo uma coisa feia: choramos.

Mais tarde quando, pegamos um carvão que caiu do churrasco do papai, vamos escrevendo e desenhando no chão e lá vem bronca porque nossa arte é interpretada como sujeira. Rabiscamos a parede e alguma coisa mais e ouvimos nossa primeira “poda” como artistas, em forma de reprimenda. Os mais rebeldes ainda tentarão uma segunda ou terceira vez com umas canetinhas coloridas do irmão mais velho, mas a reação será a mesma.

Chega o dia que colocam a nossa frente um papel e falam: “Desenha a mamãe aí”. – “Não, querido, a mamãe não tem cabelo verde!” e por aí vai.... Chegam os amigos maiores e começam a rir daquilo que foi desenhado e rapidamente nos transformamos em seres que se acham incapazes de por para fora de nossas mentes o que achamos belo, estético ou naturalmente artístico.

A crônica da Anita descreveu exatamente isso, de forma bem humorada, como uma pessoa passa a ter medo de não falar certo outra língua, ou o próprio português. Todos temos capacidade para tudo. Todos temos o dom que deixará de ser dom a partir do momento que não nos deixarmos podar e simplesmente termos a coragem de ousar.

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 17/05/2010
Código do texto: T2262760