Adultotiranização
Na fila do supermercado eu a encontrei, sua postura impecável chamou-me a atenção. Eu a vi assim:
* no cabelo louro, caprichosamente alisado, milimetricamente penteado fio por fio, sobressaíam-se finas luzes em tons mais claros;
* no rosto, maquiagem suave, o gloss dos lábios combinando com a sombra rosada sobre as pálpebras, e, contrastando com o azul de seus lindos olhos, o rímel escuro nos cílios longos e fartos;
* nas mãos delicadas, ornadas por várias jóias, bijouterias talvez, as unhas bem feitas e pintadas na cor de seu blusão, rosa pink;
* a saia jeans, justa, nem muito longa, nem muito curta;
* a bota de couro, marrom, cano alto, saltos baixos, devidamente calçada acompanhada de finas meias de nylon;
* e, enfim, compondo o look, sua bolsinha também de couro, marrom de alças curtas, que no momento, a incomodava. A bolsa escorregava o tempo todo de seu ombro, enquanto guardava o celular. Procurando manter o controle e disfarçar o atrapalho, afinal, poderia por em risco sua impecável postura, com um risinho amarelo, a todo custo, tentava enroscar a dita bolsa no braço.
Pena! Não fosse o bracinho tão fino e curtinho, por certo não tiraria a espontaneidade natural, tampouco causaria tamanho desconforto à adulta em miniatura. Pobre criança, de imagem irretocável e infância roubada, deveria ter no máximo cinco ou seis aninhos.