A VOLTA PARA CASA

Esta crônica está na minha coluna semanal do Jornal Diário da Manhã, de Chapecó, numa das últimas edições de novembro de 2008. Desentoquei-a da memória do computador para, postando-a na minha escrivaninha, lembrar que neste dia 17/06/10 é o dia dedicado ao Escritor Chapecoense e estaremos comemorando o nosso dia. Para essa comemoração faremos realizar a Semana do Escritor Chapecoense, quando, no decorrer desse evento, haverá lançamento de livros, palestras etc. Estou editando um livrinho de fábulas (ilustrado), cujo lançamento está previsto para um desses dias de festa.

A VOLTA PARA CASA

Tudo o que, nesta vida, quando começa a ficar bom; quando a gente começa a tomar gosto pela coisa, termina obruptamente. Com a Feira do Livro que realizamos nas dependências do Centro de Cultura e Eventos (CCE), recém inaugurado em Chapecó, não foi diferente. O entrosamento entre os escritores – entre eles – e para com o grande público visitante – pequenos leitores e leitores adultos e, até, os da melhor idade. Mas infelizmente, finda a feira, recolhemos os livros que sobraram e nos retiramos para as nossas respectivas casas. Levamos em nossa bagagem emocional uma casquinha da saudade que nasceu do convívio diuturno com a gurizada das escolas, com os adultos curiosos, cada qual querendo escolher os títulos de sua preferência e, porque não, com os idosos, saudosos de outras jornadas similares já vividas através dos tempos, aqui e acolá. Nessa bagagem veio, também, aquele gostinho gostoso, que bate na consciência e se sedimenta no coração, do dever cumprido. Falando em Feira do Livro, observamos – não somente eu, como essa observação foi externada por diversos colegas – que essa aproximação de pequenos e grandes ledores, que se sabe pela vivência no ramo da literatura, não são tão assíduos quanto necessária é a literatura para sua formação moral e intelectual, é uma prática sumamente salutar para criar maior intimidade de toda a comunidade com a leitura. E, em se falando em leitura, as minhocas que habitam meu bestunto, deram-me pelo interfone cerebral algumas ideias. E, vem daí, que sendo feitos de ideias os grandes projetos, comecei a pensar em feira permanente. Não seria permanente no sentido amplo de todos os dias. Seria, por exemplo, mensal. Se fosse concedida uma sala no Centro da Cultura e Eventos – sem ônus de qualquer espécie por parte da Prefeitura que, através da Fundação Cultural Chapecó, administra esse patrimônio cultural da sociedade chapecoense, essas ideias poderiam bem tomar formas concretas. Com um pouco de vontade política por parte das autoridades constituídas e muita força de vontade e trabalho por parte dos escritores que aderissem ao plano, essa realidade brotaria em nosso meio. Para a concretização desse projeto, estes – os escritores chapecoenses – deixariam de lado a quase separação ora existente entre filiados à ACHE e escritores independentes que, além das outras, essa seria uma grande conquista. Há, em todas as frentes de educação, um grande esforço por parte dos educadores no sentido da necessidade de criar hábitos intelectuais mais salutares ao aprendizado de pequenos e grandes alunos. Esses hábitos teriam sua base firmada no maior número de livros/ano a ser lido por aluno. A se tornar realidade a sugestão da feira permanente, a intimidade com o livro, no início, um tanto fria, ganharia proporções invejáveis através dos anos. Sim, porque nenhum pé de trigo já nasce com suas espigas formadas e cheias de grãos maduros! Só o tempo trabalha a favor da natureza e dos que nela desejam brilhar. E neste crescer e trilhar, voltaremos dessas feirinhas mensais para casa, realmente, com a consciência em paz do dever cumprido.

Mas antes do descanso sugiro, se me é permitido sonhar com coisa tão boa, que na reunião conjunta com a FCC e escritores para avaliação dos resultados desta última Feira do Livro, abra-se um espaço para deliberar sobre sucessivas reuniões que tratem desse assunto. A satisfação de ver pais, professores e alunos interagindo na mesma faina da boa leitura, trará, no futuro, à consciência do escritor e das autoridades, a paz do dever cumprido, ao verem espalhados ao seu derredor, os frutos da sua luta pela cultura de Chapecó.

afonsolmartini@yahoo.com.br

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 16/05/2010
Reeditado em 17/05/2010
Código do texto: T2261323
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.