Que pena! Que pena!
Que pena! Que pena!
Elsa B. Pithan
Meus sobrinhos chegaram de Porto Alegre para passarem uma semana aqui em Floripa e como de costume vieram me visitar e me convidar para passear com eles no domingo. Eu escolheria o lugar para irmos.
Desde que o mar embrabeceu e atirou-se em ondas enormes e furiosas contra as muradas das casas lá na Praia da Armação do Pântano do Sul adentrando alguns quintais até a porta das casas que eu estava chuliando um convite assim. Queria ver com meus olhos o que as fotos do jornal que eu assino estampara como a manchete surpreendente do dia. Ah, e eu queria ver também a Praia do Pântano do Sul. Desde que implantaram os terminais de ônibus na cidade ficou difícil para eu visitar estas praias. Nunca mais fui para lá. O tempão que passo esperando ônibus nos desconfortáveis terminais tiraram o meu ânimo. Só vou a Cacupé. Sempre tem lugar nos ônibus, os horários são cumpridos e tem a Colônia do SESC, seu restaurante e mais a simpatia de seus funcionários. Cinco anos que eu não ia para as bandas da Armação do Pântano do Sul. Há uns onze anos atrás passei uns dias na Pousada Mar da Lua e todos os dias tomei banho de mar e banho de sol espichada nas areias daquela linda praia. Observava a chegada das canoas dos pescadores com os peixes que haviam pescado: o falar alegre de quem comprava e de quem vendia e os palpites de quem só espiava; os ônibus chegando lotados e os turistas curiosos enchendo as ruas, uns dirigindo-se para a beira da praia, outros atravessando um pontilhão para a Praia de Matadeiros com seu caminho de picada um tanto íngreme pelo meio de um mato ainda nativo para vislumbrar uma paisagem de tirar o fôlego. Linda! Linda!
Com todas essas lembranças e ainda sentindo o cheiro convidativo dos restaurantes é que eu escolhi o passeio:
Armação do Pântano do Sul. Já comecei a estranhar a chegada na igrejinha, onze horas de uma manhã de domingo e ela fechada. Muitos carros. Meu sobrinho estacionou e fomos até a amurada no espaço em que o ônibus faz a volta para retornar à cidade. O mar batendo no muro alto. A faixa de areia desaparecera. E bem como na foto do jornal as casas sem a proteção da terra que as ondas levaram. O cheiro bom ficara no passado. As casas estavam tristes e pareciam sujas. As árvores que esbanjavam flores nos jardins estavam pobres nos seus galhos sem viço. Meu coração apertou-se e eu só podia dizer - Que pena! Que pena! Desisti do Pântano do Sul e sua tsunami.
Minha volta para casa foi triste vendo aquele amontoado de casas dos dois lados da rodovia pensei: - Qual seria realmente o motivo que levou as pessoas a escalavrarem (não encontrei outra palavra) a beleza da minha ilha, da minha Costeira do Pirajubaé que morava no meu coração desde 1939 quando vim aqui pela primeira vez e que me puxou para voltar para cá. Que pena! Que pena!