O ELO DA DISCÓRDIA

Rosilene há tempos estuda uma maneira de fazer uma churrasqueira no quintal. A pesquisa de preço chega ao fim. Munida de todas as tabelas procura Gerson para dar o veredito final. Mostra para o marido em dezenas de papelotes uma longa pesquisa feita nos mínimos detalhes sobre: as vantagens de comprar uma churrasqueira pré-moldada.

Escolhe a fábrica com o preço melhor e o modelo da churrasqueira. Nada é deixado de fora, nem mesmo o local para posicionar a churrasqueira.

A compra é feita. A entrega acontece, mas algo não sai como o desejado. A chaminé da caixa de queimar proteínas fica baixa. A fumaça entra pela casa e se instala nos cômodos.

“Gerson, meu querido, você não percebeu que algo está errado? Precisa comprar mais dois elos. Penso que desse modo tudo fica a contento!”

Manhã de sábado, o homem volta a fabrica e compra mais dois elos. Um guindaste os coloca na carroceria da caminhonete.

Nenhuma dificuldade o desanima. O elo é muito pesado. Vendo que não consegue movê-lo sozinho pede ajuda ao filho mais velho.

Os dois despendem toda a energia para mover e colocar os elos na chaminé. A inauguração é marcada para o mesmo dia. Almoço de sábado, o amigo Juvenal é convidado a churrasquear.

Carnes e lingüiças selecionadas ardem na grade. O saboroso churrasco é posto a mesa. Conversa vai, conversa vem! Rosilene conta à amiga Pamela sobre o seu feito.

Amante da filosofia oriental é conhecida por sua falta de pressa. Olha para o alto e aponta o dedo para a chaminé.

“Ops!”

“Ops? O quê?”

“Um está mais pigmentado que o outro!”

“Pigmentado? O quê?”

“Gerson um elo veio fora do conjunto todo. Veja um deles está mais crespo e escuro, enquanto, os outros são lisos e claros.”

“E daí?”

“Esta feio. Precisa trocar!”

“Trocar? Quase quebrei a coluna para levantar o dito cujo. É muito pesado?”

Exercitando a sua zen filosofia ela tenta mostrar para o marido e para os amigos e familiares; o desenfeite da chaminé.

“Nem pense eu não vou trocar!”

E o elo da discórdia esta instalado.