POLÍCIA PARA POLÍCIA
Polícia para polícia!
“Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii” (som de apito) - Para malandro e encosta a moto!Gritou um guarda pra mim.
Apavorado encostei a minha imitação de Halley e saí, um pouco, assustado.
- Que foi que eu fiz? Eu não avancei sinal nenhum, e nem sou bandido.
- Malandro, identidade e habilitação. Continuou berrando o guarda pra mim.
- Tá aqui seu guarda! A gente chama de “seu” em uma forma de respeito, medo talvez.
O guarda conferiu meus documentos, olhou pra minha cara e falou:
- O que você faz da vida?
Respondi com a voz trêmula:
- Sou poeta!
- E poeta faz o quê?
Nessa hora dei um sorriso de canto de boca para não gargalhar e percebi que eu estava, literalmente, “ ferrado”. Porque como vou explicar para alguém o que é ser poeta? Descobri, nesse instante, que o homem que vestia a farda que, supostamente, serve para defender o cidadão é, totalmente, despreparado.
- Poeta é aquele que faz versos, que tenta enfeitar a vida com rimas. Falei por alto, não valia a pena explicar.
- “Qualé” malandro, isso não dá dinheiro. Afirmou o guarda.
Realmente, ele estava certo, mas...
- Seus documentos estão em dia, mas... Continuou o guarda sua averiguação.
Esse “mas” me fez até arrepiar os cabelos do sovaco.
- Olha, você sabe que o nosso soldo é baixo e que a gente precisa viver bem para servir melhor vocês. Reclamava da vida o guarda e eu pensei: por que ele está me falando isso?
- Eu quero saber se você não tem uma grana aí para eu te liberar e, assim, me ajudar a manter a segurança dos cidadãos? Estava tentando me extorquir...
- Mas o senhor não disse que está tudo em ordem com meus documentos? Tentei refutar.
- Será que está mesmo? Ele quis me assustar.
Vendo que ele estava tentando levar meu pobre soldinho, eu gritei: Polícia, Polícia! O guarda se assustou e disse: onde, onde? E, imediatamente, saiu correndo. Polícia para polícia é o resumo desta história.
MÁRIO PATERNOSTRO