Velho trem

Velho trem

Do velho trem a sacolejar, guardo em minha memória as mais gratas recordações. Das viagens para São Paulo, programada pelos pais com antecedência, as malas a preparar, o lanche gostoso que naquele tempo se costumava levar, parece que ainda sinto na boca o sabor daquele pão amanhecido, com carne de porco, mas que tinha um que de peculiar, por ser degustado num momento especial.

De expectativa, até a noite de sono perdia, sonhando acordada com o velho trem a sacolejar. Passava o dia, contando horas e minutos, numa euforia e ansiedade total. Não parava de a todos perguntar:-Ainda vai demorar para viajar? Pergunta que incomodava, chgava a irritar e me mandavam brincar.

Que alegria, quando a mãe gritava: tá na hora do banho tomar, e olhe menina que tem que ser banho bem tomado, esfregue bem esse pescoço, não esqueça das orelhas e das unhas também, senão lá, em São Paulo, tua tia vai pensar que um porquinho criei.Finalmente, havia chegado a hora, mas ainda faltava pouco, A roupa escolhida sobre a cama arrumada desde a manhã, que fiscalizava e ajeitava a toda hora que no quarto entrava, que prazer, que satisfação, depois do banho tomado, seguindo as recomendações, era hora de com capricho a roupa vestir, quanto cuidado, para não amassar, afinal ia viajar.

Na estação, de pé na plataforma, os olhos não tirava de onde o velho trem a sacolejar deveria surgir, quando seu apito ao longe ouvia, o coração de alegria se enchia e abraçada ao pequeno travesseiro, sabia que em mais alguns momentos, dentro estaria do velho trem a sacolejar.