VOCÊ SE AMA?
A ciência já comprovou inúmeras vezes ao mundo os gravíssimos males que o cigarro pode causar. Alertou e alerta com frequência aos fumantes e familiares sobre as diversas modalidades de câncer, escondidas em cada tragada e os estragos danosos daí advindos. Mormente tem deixado bastante claro a respeito da morte horrenda, dolorosa e vagarosa para quem for subjugado por tumores cancerígenos causados pelo fumo.
Quem fuma, tenho certeza quase absoluta, está devidamente ciente de que poderá, no futuro, talvez em breve ou, quem sabe, na próxima tragada, hospedar em seu organismo o mais cruel inimigo do homem, um câncer. Que pode alojar-se na boca, na garganta, no pulmão, no intestino, no estômago ou em qualquer parte do corpo, a partir de então iniciando a lenta agonia do seu hospedeiro até levá-lo à morte caso o problema não seja detectado e tratado por especialistas logo no começo. E vocês já podem imaginar, indubitavelmente, as dores cruciantes causadas pelo agravamento dessa terrível doença, que vão, de maneira macabra, comendo vivo o pobre coitado que é vítima de suas garras afiadas, brutais e selvagens.
Talvez você que, por um desses acasos da vida, esteja lendo este artigo sorria zombeteiro e diga para si mesmo ser bobagem falar de morrer quando, um dia, todos passaremos por esse estágio final. Pode ser que você seja do tipo que, tolamente, pensa: "quem não fuma morre, quem fuma morre também". O grande nó da questão, contudo, não é esse. O assunto é muito sério para ser tratado tão vulgarmente. Estamos falando, sobretudo, do durante o período de agonia e do sofrimento duradouro provocado pelo câncer em seu andamento a princípio imperceptível, depois palpável e insolúvel, tempo que pode, sem dúvida, durar meses ou anos. Até, finalmente, a morte aplicar o golpe de misericórdia.
Mas esse intervalo é de muita, muita dor. Morrer fulminado por um câncer qualquer, tendo passado meses ou anos de angústia dolorosa, é totalmente diferente de quem morre já velhinho após uma vida saudável, ativa e feliz. Dá para, ao menos, ter uma pálida idéia e imaginar as dores lancinantes causadas por um câncer na boca? E na garganta, no estômago, no pulmão, no intestino? Certamente não para quem, mesmo fumando, ainda não alcançou esse mar da tormenta em sua vida. Porém, se continuar pitando o seu cigarrinho "inocente", saltar para o estágio de vários maços diários e se comprometer com o vício ao longo do tempo, com certeza a probabilidade de chegar lá se tornará bastante alta.
Não importa se outros tipos de câncer atingem algumas pessoas por razões diversas como alimentação inadequada (muitas vezes devido à pobreza mesmo, visto que a grande maioria dos cidadãos brasileiros não tem condições de comprar os alimentos integrais), sol em demasia na praia durante os horários perigosos, etc. Fumar é uma escolha particular, absolutamente péssima por sinal. Assim como beber e, com os anos, tornar-se alcoólatra. Nesses casos, todavia, o próprio indivíduo quis e procurou esses males até viciar-se, diferente de quem se alimenta mal por uma questão de necessidade financeira ou passa horas e horas andando de um lado para o outro sob o sol nas praias para trabalhar e sobreviver, a exemplo dos vendedores ambulantes obrigados pelas circunstâncias a submeter-se a essa atividade.
Quando vejo por aí jovens e adultos fumando com uma tranquilidade de causar pena, fico atônito e sentindo um forte desejo de suplicar que joguem no lixo aquela brasa venenosa que penetra em seu organismo como dardos impiedosos. Quisera, então, perguntar-lhes se desconhecem o perigo daquela fumacinha intermitente cheia de nicotina mortífera que é jogada para seus pulmões como se fosse, a seus olhos, um doce olor de flores, quando, na verdade, não passa de morte em forma de doce vício. E fico pensando, assim meio desnorteado, essa proeza estonteante dos fumantes quando afirmam que fumar distrai e faz passar o tempo. Que tétrica distração é essa? Que tempo mal curtido, bem se vê!
Sei que, infelizmente, muitos ainda morrerão devido ao cigarro, sejam fumantes ativos ou passivos, neste caso os filhos, colegas de profissão, amigos da farra, etc. E o cigarro continuará iludindo tanto a jovens quanto a pessoas maduras na sua intermitência maligna. Pena, muita pena. Afinal de contas, fumar é um verdadeiro atraso de vida.