Morte no altar

Numa ilha perdida no meio do oceano, habitava um povo muito desenvolvido, social e economicamente.

Viviam dentro se intensa paz. Muitos cobiçavam morar em local como aquele. Poderiam os naturais perder a tranquililade, caso estrangeiros que lá chegassem destruíssem sua cultura.

Eram filósofos os grandes sacerdotes da ilha. Os que lá chegavam, eram obrigados a responder uma pergunta. Errando, partiam para o sacrifício no Altar da Verdade, quando apenas erravam a resposta, ou no Altar da Falsidade, quando tentavam iludir os sábios.

Certa vez apareceu na praia, numa balsa, um estrangeiro forte e saudável, logo feito prisioneiro.

Levado ao Grande Sacerdote, foi-lhe explicada a lei. Ouviu com atenção. A pergunta foi feita. Difícil, o homem tinha aspecto de estudioso.

- Faça uma afirmação. Se for verdadeira, morrerás no Altar da Verdade; falsa, no Altar da Falsidade.

Sem muito pensar, o estrangeiro afirmou “serei sacrificado no Altar da Falsidade”, o que causou logo um tumulto entre os sábios. Não houve execução e o estrangeiro foi aclamado como um verdadeiro e grande sábio.

Caso ele fosse sacrificado no Altar da Falsidade, teria feito uma afirmação verdadeira, logo o sacrifício seria no Altar da Verdade e neste ele não poderia ser imolado, pois de disse que seria sacrificado no Altar da Falsidade, jamais poderia ser no Altar da Verdade.

Faz parte de a tradição esta passagem ser muito conhecida entre os que estudam lógica filosófica.

Os maus políticos, maioria, fazem muito uso dela, por serem grandes sábios da malandragem.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 13/05/2010
Código do texto: T2254691
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