Imagem: Copa do Mundo Fifa
Música: Bolero de Ravel
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Copa do mundo de futebol, a bola da vez e da paz...
Duas figuras geométricas, o retângulo e a esfera, sempre chamaram atenção pela sua harmonia e representação. O retângulo, muito utilizado e cultuado por Pitágoras, Platão e Leonardo Da Vinci, aparece no Parthenon de Atenas, no Templo de Salomão em Jerusalém e em tantas outras obras importantes. Por outro lado, a esfera é a forma da natureza. O planeta terra possui configuração esférica, o céu azul e infinito aos olhos humanos é esférico, assim como o sol e lua. Podemos concluir que o retangular é uma figura geométrica trabalhada pelo homem e a esfera é a forma como a natureza se manifesta
Da união das formas retangular e esférica, com a habilidade humana, nasceu o mais popular de todos os esportes do planeta terra. O retângulo verde representa a matéria, a bola, os sonhos e os jogadores, os guerreiros. Nessa guerra não existem vencedores ou vencidos, e sim competidores da paz.
Nós crescemos ouvindo a idéia que o futebol é de origem inglesa e que foi Charles Miller quem introduziu esse esporte no Brasil. Os ingleses deram formas e regras ao jogo da bola que hoje chamamos de futebol. Mas, o jogo da bola é tão antigo quanto às formas geométricas criadas pelo homem, às emprestadas pela natureza e a necessidade de competir e de vencer.
Os primeiros relatos de jogos com bola vêm da antiga China, onde os jogos serviam como treinamento de soldados, e muitas vezes as bolas eram cabeças humanas de soldados vencidos na guerra. A Fifa aceita a China como origem do futebol, embora existam relatos de jogos de bola no antigo Egito, Japão, Grécia e Roma.
Na época do Renascimento, na região da Toscana Itália, surgiu o calcio Fiorentino, esporte que acontecia em ocasiões festivas, de caráter violento e praticado pela nobreza. Nesse esporte a bola era jogada com as mãos e com os pés. Nicolau Maquiavel foi um praticante desse jogo e Leonardo Da Vinci um assíduo espectador. Como o calcio Fiorentino apresentava uma intima relação com o poder, ele desapareceu por volta de 1725.
Existe uma lenda em que a primeira “pelada” de futebol surgiu em Kingston na Inglaterra por ocasião de uma invasão súbita dos Vikings. Os invasores não se deram bem e um jovem general, comandante dos Vikings, foi agarrado, decapitado e a sua cabeça, antes de atingir o solo, foi chutada e disputada pelos vencedores.
Na Inglaterra da idade média o jogo da bola era tão violento que foi proibido por mais de 300 anos. Em 1660 o rei Carlos II permitiu a volta desse esporte. O esporte, que era praticado com as mãos e com os pés, sofreu mudanças, surgindo o rugby jogado com as mãos, e o football, com os pés. Foram criadas regras para coibir a violência e não privilegiar uma equipe. O saudoso cronista brasileiro Armando Nogueira, no exercício de sua genialidade, escreveu: “felizmente, quando chegou ao Brasil, o monstro já estava domesticado”.
As guerras sempre foram uma maneira nefasta de luta e de conquistas que o ser humano usou para mostrar a sua superioridade. Hoje o esporte, e no nosso caso atual o futebol, é uma maneira saudável, fraternal e civilizada de um povo mostrar suas habilidades e superioridade sem massacrar e destruir o adversário. Num retângulo verde e com uma bola, um instrumento esférico, e por ser esférico, não privilegia ninguém, apenas responde com movimentos sutis aos toques dos esforçados e habilidosos jogadores.
A bola carrega consigo o sonho de 32 nações em uma batalha onde o importante é competir com lealdade e desportividade, pois, somente uma será campeã e as 32 juntas farão um belo e monumental espetáculo de confraternização e de paz.
Texto registrado na Biblioteca Nacional