Entre os Alfarrábios da solidão

Se abre os olhos faz lembrar do encontro equivocado com a solidão. Se não era pra perder toda aquela cólera de assimilação com os vazios da alma, era para buscar aquele lado periférico onde a penúria da paixão se lastimava por falta de encontros.

Sabe-se lá quantas juras imponderáveis você tornou a dizer depois que partiu daquela sala. Logo você que não gostava de silêncio, deixou as indignações a vagar por todos os cômodos daquele lugar.

Fugir das certezas é um labirinto, um jogo maquiavélico consigo mesmo onde a presença são ausências demasiadas de insatisfação às justificativas.

Numa orbita esfacelada de pedidos, jura esquivar-se do amor, do lado impiedoso em que o romance se finda na hora que menos se espera. Eu sei o que você busca nestas meditações incontroláveis que te desmerece da vida e das pessoas que te cercam.

Um conto conturbado te faz pairar nas preces e no arrependimento da segunda-feira, quase sempre solitária de uma predileção aguda pelos planos infundados.

Todos nós sabemos da frase clichê das nobres mudanças. As cortejamos por alguns dias e depois a colocamos nos lugares mais melindrosos. Medo e Vazio ratificam a carência vadia e presunçosa depois das “quantidades” tomadas naquelas festas.

Peca-se por não saber controlar o próprio pensamento que impulsiona ao romance mais sorrateiro que vem à frente, por não saber a hora certa de nos retirarmos do salão e voltarmos para casa sóbrios, sem a canalhice dos mil telefones trocados/dados naquela meia hora de escárnio.

A metade do mundo tenta se sobrepor ao amor numa vaidade mesquinha do não precisar, do acreditar no andar solitário entre gentes, em que a penitência maior é viver com as quatro paredes, porque embora seja meio fato, à noite você acaba por se debruçar com a autoritária carência.

Está ficando tarde para amar depois, depois daquele último gole que não chega ao final, depois do último sexo utensílio da noite seguinte.

No cotidiano esmiuçado de aflições, os afetos estão sendo perdidos nas batalhas contundentes das mentiras, das ausências, da falta de compromisso com o relacionamento mais digno de verdades, onde a sala de estar poderia estar repleta de palavras, ao invés de tanta solidão.

Se for para amar seja inteiro na sua coragem de aceitar as verdades e amar de novo ainda que lhe doa.