O Imperador e a Convocação...

Quem imaginaria logo que Adriano desembarcou no Rio de Janeiro para jogar no Flamengo que ele não iria conseguir reagir perante o virtuoso mundo de celebridades, para voltar a ser imperador e reinar no ataque canarinho. Todos achavam que a mesma volta que o consagrou no São Paulo, também evidenciada depois de uma crise na Europa, levaria o artilheiro Tupiniquim a fazer muitos gols no Rubro-Negro e o novo retorno garantiria um lugar do ataque da Seleção Brasileira, a final, não existiam sombras como no passado, quando a posição era inteiramente dedicada a centroavantes consagrados, como Romário e Ronaldo que indubitavelmente eram titulares absolutos.

Mas este cronista costuma fazer uma distinção entre as diversas regiões deste país, no que tange à conduta dos jogadores, pois aqueles atletas que são oriundos das equipes cariocas, reservam uma conduta diferenciada, já que não são exemplo de dedicação nos treinamentos. Assim, costumo separar a "cultura carioca" das demais regiões do país, considerando que o futebol do Rio de Janeiro goza de um comportamento um tanto quanto flexível e os jogadores acabam confundindo a folga com o momento de trabalho. Evidente que para toda regra á exceção. Não se enquadram nessa ótica jogadores consagrados como Júnior e Zico que tiveram atuações exemplares tanto fora como dentro de campo.

Adriano é aquele jogador que lembra muito outros jogadores de origem carioca, como Edmundo, Felipe; o próprio Romário e muitos outros que vez ou outra se envolviam em problemas extra campo e que ocasionavam sérias consequências na mídia nacional. Dificilmente tais episódios acontecem com jogadores de outras regiões, porque a filosofia de trabalho é mais conservadora, exigindo mais disciplina do elenco de jogadores. Assim, o rei vendo que seu reino permitia a mansidão e as saídas noturnas, em nome da sua rebeldia de astro atingido por profundas desigualdades sociais, acabava se refugiando no meio do povo de sua origem, onde, evidentemente, não se preserva a boa ótica da cultura esportiva. O resultado dessa excursão era o alcance de momentos regrados a bebida alcoólica e muita alimentação completamente inadequada para um atleta, conduta esta que lhe rendeu alguns pesos a mais e uma performance pífia nos jogos da libertadores.

Tivesse o Adriano feito exatamente aquilo que pretendeu quando voltou ao Rio de Janeiro, estaria ele incluído no grupo de jogadores da Seleção Brasileira. Aliás, alimentava ele, de acordo com as entrevistas que concedia à imprensa nacional que tinha um lugar cativo no grupo de jogadores que iam atuar na África do Sul. Faltou-lhe, nesse momento, que alguém mais experiente lhe dissesse que em véspera de convocação do grupo selecionado, Adriano deveria mostrar ao país que continuava guerreiro e que seu posto de imperador mantinha-se imponente em face das suas atuações extenuantes dentro de campo. Ao contrário disso, só se via um Adriano ineficiente, sem luta dentro de campo, tornando-se um ponto indelével para o adversário, em face da facilidade que os zagueiros tinham para marcá-lo. Ou seja, nem mesmo o domínio e a posse da bola que mantinha com facilidade no passado estavam lhe auxiliando para se mostrar um homem buscando uma vaga na seleção brasileira. Isso tudo foi observado por Dunga, que nesse ponto é inexorável, já que a virtude que lhe consagrou na seleção brasileira e também como treinador é a entrega do jogador dentro de campo, por isso teve de deixar Adriano fora do grupo. Assim, o Imperador não sabe qual será seu rumo doravante, pois terá de erguer-se mais uma vez, já que o momento é bem impróprio para uma negociação com a Europa e o Flamengo não vê horizontes financeiros para segurá-lo na Gávea.

Rumos opostos seguem a dupla santista: o Ganso e o Neymar. São jogadores jovens, em plena forma física e que receberam a não convocação com naturalidade, embora no fundo esperavam ser lembrados. Impressiona a maturidade de tais jogadores, quando são entrevistados e questionadas sobre terem ficado de fora da lista de Dunga. Respondem simplesmente que continuarão trabalhando, pois possuem aspirações para o futuro e sabem que poderão ser ídolos brasileiros nas próximas convocações. O Paulo Henrique Ganso disse que se sente honrado em ter ficado escalado entre os trinta melhores jogadores brasileiros, pois foi lembrado para a lista de suplentes. Isso mostra que são jovens valores que ainda terão muito para mostrar no futebol e que certamente não deixarão que as oportunidades passem de forma tão negligente, como foi o exemplo do Imperador.

Quanto a Dunga, fez o que lhe era de competência e agiu conforme suas convicções preservando a palavra com os jogadores que lhe deram a sustentação na seleção brasileira. Não lhes virou as costas na hora da convocação. Chamou todos eles que lhe ajudaram. Isso demonstra honradez. Assumiu sua responsabilidade na convocação em que pese ser alvo de algumas críticas e não levar jogadores de grande nível no futebol brasileiro. Assim também agiu o Felipão quando convocou a seleção brasileira campeã de 2002. Não convocou jogadores que eram invocadas pela imprensa Nacional e mostrou que tinha razão. Saiu campeão e trouxe o título para o Brasil.

Assim, esperamos que todos os brasileiros se curvem à iniciativa de Dunga e que doravante passemos a ser receptores de um único objetivo; que é dar ao nosso treinador toda a força positiva para que possa trazer da África do Sul o nosso desejado hexacampeonato.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 12/05/2010
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