RECREANDO
Quase nove e trinta e cinco; terceira aula. Os alunos esperam ansiosos e impacientes para os cinco minutos infernais que antecedem o recreio. As repetidas perguntas de: “Que horas são?”, ou de “Quanto falta?” – correm soltas pela sala de aula. Verdadeira loucura!
A grande maioria apresenta rostos famintos, com a boca salivada e olhos vidrados na cantina – a aula já não se conta mais: apenas aguardam o sinal para correr... Para qualquer mestre é difícil dar aula nestas condições, com toda esta agitação. Os alunos, com as mãos suadas, seguram as fichas à beira da porta. Então, a esperada sirene ecoa pela escola anunciando o tão sonhado recreio.
Alunos correm desenfreados e descontrolados pelo pátio em direção à cantina. A fila gigantesca vai se formando, cada vez maior, cada vez maior. Conversas se misturam entre os alunos ‘mortos de fome’. Ouvem-se vários gritos de reclamações dos encrenqueiros ‘furadores de fila’. Alguns rostos contentes saem da fila com o lanche na mão, deixando os últimos da fila desesperados e com uma pergunta na cabeça: “Será que sobra pra mim?”
É então que, finalmente, chega a vez dos últimos. E, às vezes, a merendeira diz que sente informar: “O lanche acabou.”
Baseado em conversas de alunos