A grande notícia

Ainda zonza, sentí os tapinhas leves no rosto, e ouví a voz carinhosa perguntando se eu estava melhor.Melhor do que?

Ah, sim, eu acho que desmaiei. Que sensação horrível. Do desmaio? Não. A notícia bateu como uma feijoada em estomago vazio, como um Tsunami, arrasadora.

Por que? Oh! Meu Deus, porque comigo? Não pode ser!!!!

Afinal são anos e anos de dedicação, de poder, de despoder.

De submissão, doce submissão!!!! Tantos anos de chamego, de dependencia, e agora, me tiram isso tudo assim, derrepente? Não suportarei.Não, não suportarei.

E não me venham falar que é loucura minha. É inadmissível. Deveria mesmo ser proibido. Isso não pode estar acontecendo.

Voce ganha , recebe, cuida anos e anos a fio, surge com isso uma espécie de simiose. Não se pode mais viver separado. Inseparável, ou pelo menos deveria ser. Voce vê crescer, dar sinais de amadurecimento, e na hora da colheita vem outro e colhe por voce. Talvez regue novamente, adube com os mesmos substtratos que voce já usava, mas não na quantidade exata.Talvez pode as extremidades, mas não com o mesmo cuidado. Quem garantirá a experiencia do novo cuidador?

Só me restará a espreita de frutos fortes e adocicados, a sombra não mais me pertence.

O carinho no meu rosto me fez perceber que ainda vivo, ou seria sobrevivo? A partir de agora apenas terei uma sobrevida, uma vidinha de nada, uma qualquer coisa de vida.

Não, não se dá uma notícia dessa, desta forma. Assim na lata.Se bem que....

Os sinais estavam claros, eu me negava a perceber. Que sinais? Não. Não havia sinais. As ervas daninhas conseguí afastar, as parasitas extirpei todas. Deixei apenas uma abelhinha que insistia em colher o mais saboroso dos néctares. Ah, a abelhinha.....

E lá ao longe, mas, bem longe ainda escuto:

_ Mãe, mãe voce está bem? Eu só vou casar mãe....

Mãe?