Acordando com Tom e João Bosco

Acordando com Tom e João Bosco

Era uma segunda-feira fria de maio, abri os olhos imaginando que novamente tinha errado ao configurar o despertador do celular, consultei o relógio e constatei o meu atraso. Não sei nem o que fiz com as cobertas da cama de tão apressado que levantei e corri para o banheiro, se houvesse um espectador ele diria até que acordei no limite da minha bexiga de tão rápido que cheguei ao destino.

Daí por diante a rotina de sempre, ou seja, escovar os dentes, pentear os ´´poucos´´ cabelos, trocar de roupa e...o tocar da campainha – tocar da campainha?

Não me faltava mais nada, além de estar atrasado, chegar alguém a essa hora da manhã para ´´empatar´´ minha vida. Enquanto me enxugava ás pressas ficava a imaginar quem poderia ser, cobrança eu tinha certeza que não era, não que estivesse com as contas em dia mas porque ainda cobram durante o horário comercial, será que era o pessoal do Bispo ‘’Pedir Mais Cedo’’ querendo trazer a palavra e levar meu dinheiro ou será que eu tinha ganho algum prêmio...doce ilusão, o mais provável seria um vizinho ou um parente pedindo ajuda ou solicitando minha contribuição para algo ou alguma coisa.

Saí do banheiro ainda divagando com meus botões em direção á entrada, nessa altura, já curioso com o que poderia ser quando, para minha surpresa, ao abrir a porta me deparei com um sujeito caído na soleira. Olhei para a direita, para a esquerda, imaginem, até para cima e não encontrei viv’alma, apenas um corredor frio e vazio.

Tornei a olhar o sujeito e me senti ‘’ de frente pro crime’’ pois: ”...tá lá o corpo estendido no chão’’...me abaixei e constatei que estava frio como o corredor e rígido como uma pedra...aí me veio ‘’...é pau é pedra é o fim do caminho...’’ mas tinha que ser em frente á minha porta o fim do caminho dele?

Num universo de mil possibilidades será que não havia nada melhor para me acontecer? Não poderia ser uma vizinha loira, linda, semi nua pedindo uma xícara de açúcar? Uma morena sensual de camisola sexi solicitando minha presença no apartamento dela para socorrê-la? - Sonhar não custa nada.

Bom, seja como for o pior já tinha acontecido, agora era tomar as providências cabíveis e para tanto corri ao telefone e fui ligar para meu chefe, afinal de contas o meu emprego em primeiro lugar e, depois, o morto não iria reclamar mesmo.

Após repetir umas duzentas vezes a história para o incrédulo cabeçudo do meu chefe consegui desligar para acionar a polícia, agora já com os fatos na ponta da língua, afinal serviu de alguma coisa ter ligado para o cabeçudo.

Wilson Silvério