O mundo de Marco

Marco Antonio era um menino de seus cinco anos de idade.

Morava em um apartamento no bairro de Copacabana com seus pais e adorava quando chegava o final de semana: era dia de ir para casa de seus tios que moravam no distante bairro de Santíssimo.

É lógico que esta história que passamos a contar não se passa nos dias de hoje, mas sim há alguns anos atrás, mais precisamente há cerca de 30, 40 anos atrás, quando o mundo era mais gostoso de se viver.

Marco Antonio saía de carro com seus pais, um fusquinha 64 ou 65, e pegavam a Avenida Brasil, passando antes pelo Aterro do Flamengo. Era uma viagem de cerca de uma hora ou mais.

Marco ia feliz. Logo no meio da Avenida Brasil, mais precisamente em Parada de Lucas começava o mundo que Marco adorava. O mundo completamente diferente daquele onde morava. Um mundo de vacas, bois, charretes. Da “roça” propriamente dita.

Marco adorava aquele universo que surgia.

Quando chegava na casa de seus tios uma grande chácara localizada no bairro Santíssimo, Marco se soltava. Era uma casa azul, de dois andares, com um grande quintal que ia de uma rua até outra. Uma grande varanda corria a casa toda.

Dentro, uma grande escada levava ao andar de cima. Havia uma biblioteca e uma grande sala de jantar onde os sobrinhos do casal ficavam a ouvir histórias.

Do lado de fora havia um grande galinheiro onde se misturavam galinhas, frangos, patos, perus e, as vezes, até mesmo porcos.

Seus tios, Luiz e Hetel, o recebiam de braços abertos. Gordinho, Marco logo estava a correr atrás das penosas, ajudando a tia a coletar os ovos e pedindo ao tio para andar a cavalo.

Como Marco gostava daquela época. Como era feliz!

O tempo passou! Hoje, Marco é um profissional respeitado na sua especialidade.

Aquela chácara, tempos depois, virou um colégio e hoje parece que virou um conjunto residencial. Marco nunca mais voltou lá. Não que não tenha surgido oportunidade, mas sim porque ele sabe que nada melhor para se lembrar do passado do que não vê-lo no presente.

Aquele mundo hoje não existe mais, ou melhor, existe, mas apenas na memória de Marco.

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 25/08/2006
Reeditado em 26/08/2006
Código do texto: T225064