A sala de espera!

Fui pega de surpresa por uma conjuntivite, que deixou meus dois olhos bem inchados e vermelhos, com a impressão de ter passado horas e horas chorando. Como estou sem plano de saúde, fui ao Hospital Santa casa de Misericórdia para passar Por um oftalmologista.

Eu e minha bolsa que não desgruda de mim, com meus pertences de primeira necessidade: bloco de papel, dicionário, mini guia prático da língua portuguesa, um livro (Um Amigo do Mundo – Paul Browles-), uma bolsinha com três lápis, duas canetas uma borracha e um apontador e minha palavras cruzadas. Coisinhas básicas das quais eu não abro mão.

Como já era de se esperar, uma fila com algumas muitas pessoas, que parecia reunir todos os moradores de São Paulo com problemas de vista. Fila típica de hospital público, igual àquelas dos bancos, Casas Lotéricas, Alguns Supermercados entre outros serviços que já estamos acostumados... Depois de ser atendida na recepção, pediram para eu aguardar, como sabia que iria esperar por um tempo considerável, sentei-me perto de uma janela e dediquei à minha leitura. Até que deu para concentrar, havia uma conversa, mas não estava me atrapalhando penetrar na história que estava muito interessante, até o momento em que entrou uma senhora e ocupou um lugar na fila a frente de uma jovem. Mais uma característica típica das filas que enfrentamos, Foi o bate boca que se iniciou com a penetração da estranha senhora, que dizia já estar a um tempo na fila e que não iria pegá-la no final novamente.

Eu até que estava concentrada, mas por um instante meus olhos não obedeciam meus comandos, e involuntariamente eu observava aquela cena presenciada por umas dezenas de pessoas, Uma mistura de vexame e barraco, e o que mais intrigava e que todas as duas mulheres, falavam baixaria sem medir o local e o respeito aos presentes. Ambas acreditavam ter razão... Por um instante me lembrei das brigas que levava com minhas irmãs, quando nem uma das partes tinha razão e terminava com Não quero ouvir você! Acreditem acabou, ou melhor, o diálogo acabou assim, por que enquanto uma das duas estavam no local, rendeu o assunto, envolvendo os curiosos que como eu observavam para saber até onde iria a discussão.

Eu ria por dentro, tentei novamente me concentrar na leitura, até que observei estar chamando a atenção. Será que ninguém que estava ali tinha tido conjuntivite antes? Uma simpática senhora sentou perto de mim e tentou puxar conversa; provavelmente ela não percebeu que o que estava em minha mão era um livro! E para me deixar mais um ato típico, usou da sabedoria popular:

- É conjuntivite?

- É sim!

- Dói?

- Bastante!

- Sabe o que é bom!?! Leite materno! Foi assim que curei dos meus filhos, esguichei no olho deles e eles nunca mais tiveram nada nos olhos...

Dei um sorriso simpático, como agradecimento, e por fim ouvi meu nome vindo de uma voz grave na porta. Dei um suspiro de alívio... O que mais poderia ver dentro da sala de espera? Só me esqueci de perguntar ao médico, se resolveria lavar os olhos com leite materno (rsrsrs).