A PLACA DE BRONZE
Assim como qualquer um de nós que caminha pela vida a empunhar firmemente sua bandeira de propósitos , aquela instituição vinha cumprindo sua missão pelo tempo, quando enfim, completou quarenta anos de vida pública.
E por ser deveras reconhecida pela impecável prestação de serviços, ganhou prestígio na comunidade e atiçou os olhos do meio político.
Vez ou outra quando eu entrava pela porta da frente, sempre pregava meus olhos na sua bela arquitetura antiga, de pesadas portas de estrutura dourada, e mais uma vez relia os dizeres duma placa de bronze pregada logo à entrada do elevador principal, junto à parede de mármore carrara que o emoldurava, aonde se lia os poucos, mas muito significativos, dizeres em homenagem a um dos seus diretores, talvez o que mais tenha lutado pelo prestígio dali, destacando seu efusivo trabalho naquela aniversariante instituição.
Assinavam todos os funcionários daquele presente, já remoto há dezeseis anos, em sincero agradecimento pelo gerenciamento do sucesso de todos!
O tempo passou.
Certa vez, me vi entre as ruínas da sua reforma revolucionária.
Tudo veio abaixo em nome da merecida modernização que a sua história de prestígio requeria.
Móveis novos, uma redecoração estilo clean, televisores lcds pelas paredes claras, aquarelas pastéis pelos ambientes, enfim, tudo muito lindo...e novo, confiado a uma nova e moderna gestão.
Porém, entrando pelas antigas portas pesadas que foram conservadas em nome do "belo", olhei para a nova moldura de granito do mesmo elevador e senti falta daquela tão significativa e histórica placa de bronze.
Perguntei por ela.
Ninguém soube me informar do seu destino. Alguém sugeriu que talvez não mais combinasse com a nova e "leve" decoração.
Memórias pesam...
Por uns instantes me dei conta do quanto as memórias nos são etéreas, e contudo, me perguntei por que apagamos da história os méritos das nossas..."evoluções".
Não deveríamos enterrar os enredos das nossas vitórias.
Nota:
De fato, somos um país fadado ao descarte das memórias.