Qual o Sentido da Vida ???

Existe um monte de situações inesperadas que fazem nossa vida tomar um rumo totalmente diferente da noite para o dia. Assim, sem nenhuma previsão um fato inesperado acontece e, de repente, nosso destino muda.

Todo tempo vemos situações que chegam de forma abrupta e acabam transformando a vida das pessoas para sempre. Dessa maneira, uns dias atrás fui levado a fazer essa reflexão profunda para descobrir o sentido pleno de nossa existência e, agora, quero partilhar com outras pessoas a resposta que encontrei.

Destaco inicialmente que o fato que me levou a fazer tal reflexão não surgiu por meio de um evento ruim, nem catastrófico, pois, ao contrário disso, nasceu inocentemente através de um ato corriqueiro de meu filho caçula que, num determinando dia, aproximou-se de mim e, puxando a minha calça, perguntou: papai, por que vivemos ??? E, eu, sem entender bem o que ele queria, indaguei-lhe: como assim, meu filho ??? Em seguida, ele me mostrou um pequeno papel que a professora lhe entregara como dever de casa para ser feito com a ajuda dos pais. Nesse papel havia uma pergunta: qual o sentido da vida ???

Acredito que qualquer pai ou mãe já foi pego numa situação assim, quando um filho faz uma pergunta estranha e nos deixa de “saia justa”. Confesso que essa não foi a primeira vez que meu filho me perguntou algo que eu não sabia bem o que responder, mas diferentemente das outras situações essa última pergunta mexeu comigo de uma forma profunda.

Após aquele questionamento passei o restante do dia meditando para apresentar uma resposta a meu filho. Mas, não me empenhei somente com a obrigação de ajudá-lo no cumprimento de uma tarefa escolar, pois, fui bem além, buscando fazer uma reflexão sobre minha própria vida.

Sei que no corre-corre diário ninguém tem tempo para ficar filosofando, nem para fazer uma pesquisa detalhada sobre um tema tão complexo, mas, contrariando minha rotina de correrias e estresse, reservei um bom tempo para me debruçar sobre essa questão instigadora.

Assim, passei a entender “Qual o Sentido da Vida”, que trago logo a seguir em breves palavras.

A primeira coisa que percebi é que o “Sentido” que damos à nossa vida está diretamente ligado à nossa “Filosofia de Vida”, ou seja, ao modo como encaramos nossas relações com nossa própria pessoa, com nossa família, com as instituições, com os grupos sociais e com todo o resto à nossa volta. E, isso tudo está intimamente ligado à nossa cultura, pois dependendo dos usos e costumes cada pessoa acaba apresentando um “Modo de Vida” diferente.

A segunda coisa que observei é que o mundo está se tornando cada vez mais complexo e, assim também, está mudando o sentido que nós, seres humanos, damos à nossa existência.

Vale lembrar que, em tempos remotos, nas primeiras comunidades humanas o sentido da vida tinha um valor comunitário, ou seja, todo o grupo vivia para atender necessidades básicas da coletividade. Os interesses do indivíduo ficavam sempre em segundo plano em relação aos interesses do grupo. É bom lembrar que ainda hoje em muitas comunidades tradicionais e povos indígenas esse “Modo de Vida” está preservado. Esse é o que eu denomino de “Modo de Vida Comunitário”.

À medida que a civilização humana foi se desenvolvendo surgiram as cidades e os países e, com eles, apareceram outros sentidos para a vida.

A idéia de pertencimento a uma cidade, região ou nação cria laços identitários fortes que unem as pessoas entorno de ideais e objetivos comuns. Pare um pouco para pensar quantas vezes você já disse ser “paulista”, “mineiro” ou “gaúcho”. Além disso, vale lembrar também que muitos brasileiros gostam de dizer: eu sou descendente de “italianos” ou de “alemães” ou de “espanhóis”. E, com isso, lutam para preservar as tradições associadas aos seus ascendentes. Esse é o que eu denomino de “Modo de Vida Gentílico”, pois ‘gentílico’ é o termo que designa a nossa origem.

Outro fator que está relacionado ao “gentílico” e que também identifica as pessoas num “Modo de Vida” particular é o sobrenome. Assim, muitas pessoas dedicam sua trajetória nesse mundo para alimentar seus laços familiares e sanguíneos. É válido mencionar que no mundo moderno das grandes cidades esse “Modo de Vida Familiar” perdeu muito sua força, por que nas últimas décadas as pessoas saíram da zona rural e das pequenas cidades e, hoje, vivem em metrópoles residindo em apartamentos apertados com pouco contato com parentes e familiares de outras cidades. Entretanto, em pequenas cidades do interior do Brasil o “Modo de Vida Familiar” e o “Modo de Vida Gentílico” ainda são fortes.

A história humana está recheada de exemplos de povos inteiros que dedicaram sua vida entorno da construção de uma nação ou reino. Basta lembrar que nos grandes impérios do passado grande parte das pessoas vivia exclusivamente para construir palácios, templos e obras magníficas para exaltar o nome daquela civilização. Mas, se engana quem pensa que esse modo de vida pertence exclusivamente ao passado longínquo, pois poucas décadas atrás o governo militar brasileiro promoveu amplamente os ideais entorno da imagem do que é “ser brasileiro”. Um exemplo clássico disso era o jargão da década de 70 - “Brasil: Ame ou deixe-o !!!”. Essa estratégia de unir a população em um “Modo de Vida Nacionalista” esteve presente me todos os governos totalitaristas, como ocorreu na Alemanha Nazista de Adolph Hitler. Todos sabem que os alemães se uniram loucamente por uma causa nacionalista, promovendo a Segunda Guerra Mundial. Felizmente no mundo globalizado da atualidade esse “Modo de Vida Nacionalista” que unem as pessoas ao redor de um ideal de nação está em baixa.

Boa parte de nosso dia se passa no ambiente de trabalho, o que leva muita gente a dedicar sua vida quase que exclusivamente ao labor. Pare para pensar um pouco e lembre quantos profissionais (advogados, professores, militares etc.) que só convivem e têm amizades com pessoas da mesma profissão ou que sejam ligadas ao seu trabalho. Muitas dessas pessoas que vivem somente para trabalhar nem conseguem ficar em casa aos finais de semana, como também não conseguem tirar férias. Há ainda aqueles que quando se aposentam acabam entrando em depressão, pois sua vida toda foi construída entorno do trabalho. Não têm uma vida social, não freqüentam igrejas, nem tem tempo para família, parentes ou amigos de infância. Esse é o denominado “Modo de Vida do Trabalho”.

Além desses exemplos que unem as pessoas em diferentes “Filosofias de Vida”, desde sempre existem a “Religião” e a “Política” que são fatores que levam milhões de pessoas a apresentarem um comportamento diferente.

Em todos os grupos sociais existem aquelas pessoas que almejam ocupar cargos de liderança, e muitos passam toda a vida seguindo carreira política. Tais pessoas dedicam sua trajetória para participar de reuniões, mobilizações, festas e todo tipo de eventos, sempre cumprimentando pessoas e discursando muito. Tudo isso é feito com a alegação de estarem lutando pelo bem comum. Assim, tais pessoas abdicam de seu tempo com a família, com os amigos e com o lazer, por exemplo, para estarem em ações e trabalhos para representar sua comunidade e seus eleitores. A meu ver é o desejo de “Poder” que leva as pessoas a quererem esse “Modo de Vida Político”.

Há também o “Modo de Vida Religioso” que reúne uma parcela significativa de nossa sociedade que dedica sua vida para servir a Deus. Assim, as pessoas religiosas buscam pautar tudo aquilo que fazem em preceitos espirituais. Com quem vão se casar, o que vão comer, os livros que vão ler, os lugares que vão freqüentar, entre tantas outras coisas, são definidos pelos princípios religiosos que a pessoa professa.

De um século para cá, um “Modo de Vida” se fortaleceu muito. Bem parecido com os heróis gregos das olimpíadas do passado, hoje a mídia e o cinema são responsáveis pela criação de ícones em nossa sociedade. Dessa forma, surgem inúmeras celebridades todo tempo, tais como: cantores, atores, esportistas etc. E, alguns chegam mesmo a dizer que fazem tudo por um minuto de destaque nos telejornais. Especialmente na última década, a sede por glamour e fama tem levado uma multidão de pessoas comuns a participar de inúmeros “reality shows” com intuito de se tornarem conhecidos nacionalmente e, em alguns casos, internacionalmente. Tais pessoas não se importam nenhum pouco em expor suas intimidades em sites, blogs, comunidades virtuais, youtube etc. Esse é o que eu chamo de “Modo de Vida Midiático”.

Ultimamente tem crescido também o “Modo de Vida Hedonista”, que é aquele no qual o cidadão busca viver “o aqui e agora”, sem se preocupar muito com o futuro, ou com as tradições da família ou das religiões. As pessoas adeptas da filosofia hedonista buscam realizar seus prazeres, das mais variadas formas, sem se preocuparem com o que as pessoas vão pensar. Esse é um jeito de se viver que tem crescido muito, especialmente, em países da Europa, onde as pessoas se preocupam mais consigo mesmas do que com outras questões.

Todos nós sabemos que o mundo de hoje está globalizado, o que fez surgir o “cidadão global”. Esse é aquele que está conectado a tudo que se passa no planeta e foca seu comportamento pensando na proteção do meio ambiente e em causas humanitárias. Esse “Modo de Vida Global” ou “Modo de Vida Ecológico” tem se fortalecido recentemente com pessoas cada vez mais preocupadas com suas ações locais, sabendo que as mesmas têm implicações na vida de milhões de pessoas por todo o mundo. Assim, tais pessoas buscam atuar no seu dia-a-dia para garantir que pessoas pobres e as futuras gerações tenham as mesmas chances de usufruírem dos bens e serviços que nós temos acesso hoje.

Conforme se percebe os “Modos de Vida” foram mudando ao longo da história da humanidade, sendo que à medida que evoluímos surgiram diferentes formas de encarar a vida.

Podemos ver que atualmente todas essas “Filosofias de Vida” encontram-se presentes, uma ao lado da outra. É até verdade que muitas pessoas possuem uma mistura dessas perspectivas de nossa existência, pois às vezes manifestam enfoque em mais de uma área ao mesmo tempo, como por exemplo, Família e Deus ou Emprego e Mídia. E, invariavelmente, esse direcionamento que damos a nossa vida muda ao longo de nossa trajetória.

Estou certo que cada pessoa deve pensar profundamente “Qual é o Sentido da Vida” que ele quer levar, por que sabemos que é impossível voltar atrás para corrigir os erros do passado. Assim, precisamos pautar nosso dia-a-dia em um comportamento sadio e responsável com foco em nossos múltiplos objetivos, sem, contudo, deixar de proporcionar o máximo de alento para aqueles que estão à nossa volta.

O ser humano é um “ser social”, o que nos leva a crer que a vida só tem sentido se for vivida de forma que estejamos unidos a outras pessoas por meio de coisas boas, como por exemplo: amor, compaixão, fé, solidariedade, companheirismo, entre tantas outras.

Não podemos viver egoisticamente, pensando somente em coisas individualistas ou meramente passageiras. Certamente que a vida que levamos só terá sentido se for preenchida de significado, e somente encontraremos tal significado quando vivemos para buscar a realização de nosso semelhante.

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Ilha de Marajó - PA, Maio de 2010.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 09/05/2010
Reeditado em 25/11/2011
Código do texto: T2246587
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