E você, sabe o que procura?
Dia desses voltei para casa com a pergunta de uma amiga martelando a cabeça. Incomodada porque eu gosto de morar sozinha, minha amiga queria saber se, afinal, eu pelo menos procurava um namorado.
A ela respondi com um sorriso – recurso sempre útil para substituir explicações antecipadamente incompreendidas. Mas, para vocês, eu conto.
Procura-se um namorado?
Bem, se o seu conceito de namorar for pelo menos próximo do meu, pode registrar que sim. Sabe, eu tenho muito cuidado com o que desejo. Palavras têm força. Vai que eu consigo.
Namorar, para mim, é verbo amar conjugado. Namorar não é caminho de mais nada. É verbo com alma de gerúndio. Incompatível com metas ou planos. Namorar é verso que resume, em uma só palavra, romance, riso, sedução, carinho, vontade. E não necessariamente nessa ordem.
Procuro um cara com quem eu possa conversar, rir e ficar em silêncio. Que entenda que eu trabalho pelo menos 10 horas por dia e que gosto disso. Que me trate como mulher. Que goste de ir ao cinema, andar na praia, ouvir música, dançar. Está bem, que pelo menos goste de me levar para dançar de vez em quando, só porque eu fico feliz com isso. Que goste de ir a um restaurante legal e que também curta comer caranguejo com as mãos na praia. Com quem eu possa discutir um bom filme ou falar bobagens.
Procuro um sujeito que me seduza, instigue e desafie. E que também me cuide. Alguém em quem eu possa me amparar, mas que saiba que o mais provável é que isso nunca aconteça. E que não se incomode com isso.
Eu não vejo nada mais carinhoso do que um homem entender que eu gosto da minha vida, da minha rotina. E da falta dela. Entender que gosto do meu ritmo de fazer as coisas. Poucas coisas são tão românticas como um cara que cuide de você, nas coisas em que uma mulher verdadeiramente precisa ser cuidada... até a gente ficar a vontade para deixar que ele controle o ritmo em tantas outras.
É imensamente romântico que alguém saiba do que você gosta, não porque você contou, mas porque presta atenção em você.
Então, procuro, sim, um homem romântico e carinhoso. Um cara que compreenda que gosto de trabalhar em horários estranhos. Que não ache ridículo eu escolher sorvetes pela cor. Que ache normal eu gostar de comer manga com a mão no café da manhã ouvindo música. Que não implique com os meus decotes, nem se ressinta da atenção que eu dou aos meus amigos. Que não fique impaciente porque eu tive que voltar correndo da porta só porque esqueci de passar perfume e que não se preocupe em saber porque eu precisava de outro sapato vermelho.
E, não, essa não é a descrição do meu amigo gay.
Inclua na descrição aí em cima, então, para que o romance funcione, que ele me olhe de um jeito que me faça sorrir lembrando de ontem à noite, que saiba o ponto exato do pescoço que me arrepia e que consiga me fazer perder o raciocínio e esquecer o final da frase porque deslizou a mão pelas minhas costas.
Pronto, não tem jeito de confundir o cara com um amigo.
E, se acontecer, do espelho refletir e o tempo parar um pouco para a gente se olhar, quem sabe...
Março de 2009
Dia desses voltei para casa com a pergunta de uma amiga martelando a cabeça. Incomodada porque eu gosto de morar sozinha, minha amiga queria saber se, afinal, eu pelo menos procurava um namorado.
A ela respondi com um sorriso – recurso sempre útil para substituir explicações antecipadamente incompreendidas. Mas, para vocês, eu conto.
Procura-se um namorado?
Bem, se o seu conceito de namorar for pelo menos próximo do meu, pode registrar que sim. Sabe, eu tenho muito cuidado com o que desejo. Palavras têm força. Vai que eu consigo.
Namorar, para mim, é verbo amar conjugado. Namorar não é caminho de mais nada. É verbo com alma de gerúndio. Incompatível com metas ou planos. Namorar é verso que resume, em uma só palavra, romance, riso, sedução, carinho, vontade. E não necessariamente nessa ordem.
Procuro um cara com quem eu possa conversar, rir e ficar em silêncio. Que entenda que eu trabalho pelo menos 10 horas por dia e que gosto disso. Que me trate como mulher. Que goste de ir ao cinema, andar na praia, ouvir música, dançar. Está bem, que pelo menos goste de me levar para dançar de vez em quando, só porque eu fico feliz com isso. Que goste de ir a um restaurante legal e que também curta comer caranguejo com as mãos na praia. Com quem eu possa discutir um bom filme ou falar bobagens.
Procuro um sujeito que me seduza, instigue e desafie. E que também me cuide. Alguém em quem eu possa me amparar, mas que saiba que o mais provável é que isso nunca aconteça. E que não se incomode com isso.
Eu não vejo nada mais carinhoso do que um homem entender que eu gosto da minha vida, da minha rotina. E da falta dela. Entender que gosto do meu ritmo de fazer as coisas. Poucas coisas são tão românticas como um cara que cuide de você, nas coisas em que uma mulher verdadeiramente precisa ser cuidada... até a gente ficar a vontade para deixar que ele controle o ritmo em tantas outras.
É imensamente romântico que alguém saiba do que você gosta, não porque você contou, mas porque presta atenção em você.
Então, procuro, sim, um homem romântico e carinhoso. Um cara que compreenda que gosto de trabalhar em horários estranhos. Que não ache ridículo eu escolher sorvetes pela cor. Que ache normal eu gostar de comer manga com a mão no café da manhã ouvindo música. Que não implique com os meus decotes, nem se ressinta da atenção que eu dou aos meus amigos. Que não fique impaciente porque eu tive que voltar correndo da porta só porque esqueci de passar perfume e que não se preocupe em saber porque eu precisava de outro sapato vermelho.
E, não, essa não é a descrição do meu amigo gay.
Inclua na descrição aí em cima, então, para que o romance funcione, que ele me olhe de um jeito que me faça sorrir lembrando de ontem à noite, que saiba o ponto exato do pescoço que me arrepia e que consiga me fazer perder o raciocínio e esquecer o final da frase porque deslizou a mão pelas minhas costas.
Pronto, não tem jeito de confundir o cara com um amigo.
E, se acontecer, do espelho refletir e o tempo parar um pouco para a gente se olhar, quem sabe...
Março de 2009