O primeiro filho da Nena veio ao mundo!
Eita, correria danada!
Às vezes acontece esta terrível tragédia na minha vida: surgem 37584956 de compromissos inadiáveis no mesmo dia e por dias seguidos. Haja fôlego e agilidade pra esta magrela que vos escreve, cuja qual é uma notória marcha lenta pra fazer quase tudo, não gosto de e não sei fazer nada correndo, especialmente ler e escrever. Por isso tenho me mantido afastada -- muito contra a vontade -- do Recanto, tendo pouquíssimas chances de dar uma escapadinha básica e vir aqui visitar alguns dos meus queridos e queridas, às vezes uns, às vezes outros.
Mas agora eu forcei a barra legal! Empurrei com a barriga magrinha todos os prazos e exigências e compromissos e sentei aqui só pra contar de onde estou vindo.
Estive no lançamento do primeiro livro da Nena Medeiros, nossa colega recantista. Trata-se de uma coletânea de contos, alguns dos quais nasceram como crônicas, daí o título bastante apropriado: Contos Crônicos.
E que contos!
Quem já leu os textos da Nena conhece o seu estilo leve e coloquial, enxuto, elegante e muitíssimo bem humorado. Pois nesta coletânea o leitor encontrará não apenas estas já conhecidas características, mas alguma coisa a mais.
Os primeiros contos começam de um jeito aparentemente quase banal e vão ganhando uma intensidade e densidade dramáticas surpreendentes, sem que, no entanto, ela lance mão do sentimentalismo barato ou da pirotecnia dos dramalhões apelativos. Ela consegue atingir nossa emoção com a mesma simplicidade e enxuteza que lhe são características.
Quando em terceira pessoa, as estórias são narradas sem a interferência judiciosa do narrador. Os próprios fatos e falas dos personagens nos conduzem à observação e apreciação dos acontecimentos.
E, como sempre, ela acaba nos surpreendendo no final com as magistrais guinadas que dá na estória.
Do meio pro final do livro, os contos deixam a densidade dramática de lado e vão progressivamente enveredando pelo mais delicioso humor, sempre inteligente, brincando com situações que todo mundo já viveu ou testemunhou, mas sem deixar de nos surpreender ao final.
E, claro, há os contos pejados de sensualidade, que ela desenvolve com perícia e elegância, sem jamais apelar pra vulgaridade.
Eu recomendo entusiasticamente a leitura deste livro, pela alta qualidade literária e pelo imenso prazer que sentimos no ato. Eu e a Zélia Maria Freire nos orgulhamos e nos emocionamos imensamente por termos sido convidadas a escrever, respectivamente, o prefácio e a contracapa deste primeiro rebento de papel da nossa querida amiga. Somos praticamente madrinhas do filhote, portanto.
E que este seja o primeiro de uma loooonga série! Talento e criatividade pra isso, a Nena tem de sobra.
:)