Vende-se uma criança para maus tratos!
Há uma época na vida de muitas pessoas que se faz necessário haver a constante companhia de alguém ao seu lado; muitas pessoas optam pelo casamento e deste, que haja a proliferação da espécie com a vinda de filhos, netos, etc. Outros indivíduos preferem a convivência solitária em casa, sem a presença de intrusos e muitos optam também pelo crescimento da família, mas observa barreiras naturais, como a infertilidade genética ou acidental e mesmo sendo muitos destes optantes, partícipes de uma família, esta jamais será completa sem a presença de outra pessoa.
Papo estranho, este meu? Não! Estou tentando chegar ao ponto da vontade de adotar uma criança para o preenchimento afetivo de um lar; milhares de pessoas se inscrevem para terem uma oportunidade de habilitação nos Juizados da Infância e Adolescência de todo Brasil; muitos não conseguem e alguns privilegiados ou influentes, acabam saindo com sua criança a tiracolo. Pode parecer ríspido usar o termo “a tiracolo”, mas em muitos casos é isso mesmo o que ocorre; são sádicos e desumanos que ingressam nas filas dos juizados para adquirir uma criança como se fossem elas meras mercadorias.
De todos os casos que eu já vi, acompanhei ou vivi, alguns são de muito sucesso, que o diga alguns grandes e insignes amigos que adotaram e mesmo já havendo a oportunidade de ter outros filhos, o adotivo recebeu por sucessão natural o carinho, dignidade e o respeito destes novos e valorosos pais. Comigo houve um fato peculiar e muito intrínseco, que hoje é muito bem administrado; meu filho mais velho, que me chegou por emoção divina, não carrega em suas veias o meu DNA, mas jamais me tratou como alguém que fosse diferente ao seu convívio, muito menos eu, jamais o tratei de forma diferenciada aos meus outros filhos naturais.
Meu amor de menino, que hoje conta quase 14 anos, quando entrou em minha vida ainda não contava um ano de vida. Apareceu e foi ficando, ficando, até que quis o destino me fazer consorte de sua mãe, hoje em memória! A minha decisão natural de fazê-lo “meu filho”, aliás, meu primeiro filho, ocorreu após minuciosa análise particular, para saber se de fato eu conseguia reunir os quesitos básicos de um ato como aquele; principalmente para que jamais ocorresse arrependimento de minha parte. Somado os prós e contras desta prova ligeiramente arriscada, não hesitei em adicionar ao seu nome o meu sobrenome e nossa história já duram 13 bons anos, com reciprocidade de tudo que pai e filho precisam ter!
Pode parecer apenas um desabafo ou um testemunho de alguém que tem, entre tantos, um filho adotivo; confesso que raramente penso nisso, uma vez que muito cedo incorporei a condição de pai natural. Confesso também que tive medo no início, principalmente de aparecer alguém e dizer que ele era o pai e que iria lutar para levar o meu filho, mas com o passar dos anos, ele foi crescendo e sua mãe, mesmo divorciada de mim, o preparou para que a surpresa não lhe chegasse de forma abrupta. Após a morte da mãe de meus filhos, ocorrida recentemente, me veio outros medos, mas agora tudo começa a clarear e nossa relação que sempre foi saudável, promete ser ainda mais concreta. Para encerrar este capítulo, é bom dizer que é meu filho mais velho, o meu primeiro filho, aquele que não carrega em si o meu DNA, que mais me deixa feliz por também ajudar a cuidar de meu Henrique Segundo, que hoje tem 11 anos.
No Nordeste, mais precisamente no Sertão da Bahia, há um grupo de cidadãos que se reúnem de forma secreta chamado de Cegonhas da Noite; estas pessoas, que segundo contam as lendas, pertencem a diversas profissões, analisam as famílias que desejam ter filhos, mas não conseguem pelo método natural; reúnem informações e sejam elas, as famílias, abastadas ou desprovidas de recursos materiais, elas passam por uma análise esmiuçadora e caso apresentem condições afetivas de criar uma criança, o grupo consegue receber crianças abandonadas e levam estas para as portas das famílias escolhidas durante a madrugada.
Esta forma, muito embora criminosa, de adoção, realiza sonhos de várias pessoas que não conseguem acesso ou informação para a adoção pelos meios legais. Eu já ouvi inúmeros casos de bebês que são deixados nas portas com fardos de fraldas e muitos outros mimos igualmente doados, como uma forma de dar início ao processo natural do “permanecer”. A polícia e a justiça da Bahia afirmam que caçam estas pessoas, mas quem já recebeu uma criança das Cegonhas da Noite, com certeza não pensam da mesma forma. É bom afirmar que nunca se soube de casos de crianças seqüestradas, roubadas ou arrancadas do seio de seus pais biológicos; pelo que se sabe; lenda ou não; todas as crianças são: primeiro doadas ou abandonadas pelos pais e após um período, seja numa casa de custódia, seja na casa de um dos integrantes do grupo, elas são oferecidas da forma citada.
A nossa legislação não permite nenhum ato, senão o judicial, como forma de adoção de criança, mas o Estado, que se diz “mãe”, torna-se impotente após a oferta legal. Pouco se pode afirmar que esta “mãe” de araque, que tanto se endeusa e a quem chamamos de Poder Executivo, dá o devido provimento para pelo menos 1% de todas as crianças que passaram por processo de adoção. Após a liberação legal, que somente ocorre por meio de um magistrado, o Estado alivia-se do fardo que é a firmação de tutela. Promotores podem espernear a vontade que eu firmo: - nenhuma cidade brasileira possui capacidade legal de acompanhar a vida destes garotos após o ato adotivo! Após eles serem retirados dos albergues onde vivem, que em muitos casos são imundos e desumanos, o Estado respira e diz: - Graças a Deus! Menos um!
O caso flagrante da procuradora do Rio de Janeiro, Vera Lúcia Sant Anna Gomes, que adotou uma garota de 2 anos e quase a levou a óbito após surras brutais e humilhações que fariam de mim um complexado eterno, caso ocorresse comigo, é a prova maior de todas as minhas afirmações. Possivelmente aquela senhora, hoje foragida da justiça, mas por pouco tempo, chegou para algum juiz e deu-lhe uma baita carteirada, dando uma de vovozinha bondosa e acabou levando uma menina que teve inúmeros dissabores horríveis.
Primeiro ela foi rejeitada pela mãe, que para mim é um dos mais covardes atos, mas que em muitos casos se faz necessário; depois a pobrezinha caiu em alguma lata de lixo chamada albergue, que ganha dinheiro público para manter, sabe-se Deus como, pessoas de pouca ou nada sorte; em seguida, como se fosse pouco, a garotinha caiu nas garras de um demônio por nome de Vera Lúcia e teve seu destino selado por algum juiz que pensa como o Estado, aliás, ele é o Estado neste caso! O restante da história todos já sabem!
A justificativa da mula que defende Vera Lucia, para atenuar o dolo é que Vera, a procuradora, gostava tanto de animais...! Ora bolas, a garota ou qualquer outra criança não faz parte da mesma sociedade selvagem ou doméstica dos animais que foram relacionados, como gatos e cães. Trata-se, caso o néscio jurista não saiba, de alguém do reino animal, mas pertencente ao grupo dos racionais, coisa que ele nem a Vera Lúcia pertencem! Dizer que a carnífice que também um dia advogou tratava bem seus cãezinhos e seus gatinhos e que isso seria o suficiente para dar carinho a uma menina sem nenhuma sorte é o mesmo que comer bosta, rasgar dinheiro e dizer ser algo habitual!
Milhares e milhares de crianças andam pelos semáforos de todas as cidades brasileiras, inclusive de Brasília na porta do Planalto, e ninguém não está nem aí com isso! Eu odeio dizer isso, mas esta elitezinha de merda que domina os altos escalões do Poder quer mais que estas crianças morram. Este caso da criança brutalmente torturada que está em questão, somente virou manchete, porque a imprensa deu conotação ao episódio; caso contrário, seria mais um bebê maltratado, como há na minha e na sua vizinhança, que ninguém liga para a polícia para denunciar!
Na contramão de toda esta baderna que envolve o Poder, os poderosos e os infelizes, também há casos de sucesso coletivo, como as poucas mães e pais que adoram dezenas de crianças e provam a sociedade que eles têm no mínimo a dignidade humana. Em vários cantos do Brasil há pessoas que sabem o que é o sofrimento de quem vive longe da mãe e do pai biológico e que resolvem adotar várias de uma única vez ou alternadamente e que não recebem um centavo sequer do Estado, a mãe de todos, para ajudar nesta árdua tarefa.
Podem os insensatos dizer que este problema é grave, mas que aqui, ali ou acolá, também há o mesmo problema ou ainda pior. Que estes insensatos vão à pátria que os pariram! Nós somos, infelizmente no meu caso, brasileiros imbecís; que está acostumado a sorrir mesmo que a vara nos espete de baixo para cima. Riem aqueles que nunca adotaram; que jamais adotarão alguém e que pouco importa se esta ou qualquer outra criança morra. Apenas para que jamais fique no esquecimento, a garota adotada pela doutora Vera Lucia recebia por carinho pancada no rosto, socos nos olhos, bordoadas no corpo e ainda era chamada de “vaquinha” e “cachorra”, uma ridícula alusão às mulheres prostitutas; esta garotinha tem dois anos apenas!
A pessoa que age cruelmente, seja com pancadas, seja com palavras, contra uma criança, deveria estar enjaulada em praça pública segurando um cartaz ou totalmente tatuada no corpo com a seguinte inscrição: eu sou a reencarnação do demônio e mato crianças aos poucos por prazer! Se esta mesma pessoa for um pai ou mãe adotivo a pena deveria ser de morte. Depois de alguns anos, uma criança igual à torturada pela Vera Lucia Gomes, cresce e se torna um estorvo social e ninguém sabe por qual motivo isso sobreveio!
Hoje as instituições que abrigam crianças de má sorte têm três caminhos; o primeiro é guardar estes meninos até os 17 anos e depois soltá-los nas ruas para que vivam a sombra da sorte dos outros; o segundo é esperar que uma alma similar a de Vera Lucia Gomes chegue e carregue algum para experiências satânicas; a terceira e Deus queira que seja a de maior probabilidade, que alguém de boa fé e paciência se engrace com alguém e lhe dê no mínimo dignidade; a mesma dignidade que os canalhas poderosos IDÉIAM TER e que acham que dão aos seus filhos naturais!
E o povo? O povo faz como a música gaúcha que diz: Tô vendo tudo, mas fico calado, faz de conta que sou mudo!
Por finalmente eu digo, sem medo de errar ou de ser processado judicialmente: - Se o Estado é minha mãe mor, com certeza minha mãe é ladra e prostituta!
CARLOS HENRIQUE MASCARENHAS PIRES
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