Bobos da Corte
Acho que nós, seres humanos, estamos ficando cada vez menos interessantes uns para os outros, os encontros entre desconhecidos e conhecidos geralmente parecem tão superficiais!Isso dependendo é claro do referencial considerado, que dentre outras coisas incluem dotes físicos, financeiros ou intelectuais.
Quando se trata de um encontro casual, digamos numa balada, o que será olhado primeiro serão seus dotes físicos ou seus dotes financeiros, ou seja, se você não for bonito (a) tem uma segunda chance: a de ser rico ou pelo menos ter um gol ou um palliozinho universiário, afinal andar de ônibus é um sufoco só!Para não dizer que é coisa de pobre.
Quando se trata de um ambiente casual, mas não de balada, como por exemplo, um encontro social ou familiar, a pergunta é: “Qual é sua profissão?” Se você responder “Sou professor(a)” ouvirá provavelmente apenas um “legal” mas se você disser “Eu sou médico/advogado ou engenheiro” certamente ouvirá uma exclamação/pergunta do tipo “Sério!?” e provavelmente a pessoas dirão “Eu já quis ser médico/advogado ou engenheiro” e te falarão um monte de coisas para mostrar que apreciam sua pessoa e te acham muito “interessante”, trata-se dos dotes intelectuais que correspondem aos financeiros de certa forma também.
Na verdade, quando conhecemos alguém, e perguntamos “Qual seu nome?” nas entrelinhas estamos perguntando “O que é você?”. E caso você não preencha nenhum dos requisitos do que é considerado socialmente como prestigioso ou bom, em outras palavras: se você não for bonito ou não tiver posse de bens desejados por todas as pessoas (os dotes), será inevitavelmente descartado do convívio público mais “sofisticado” ou servirá de “bobo da corte” para os faustosos detentores desses considerados “bens sociais”. Salvo raras exceções.
Porém, não precisamos nos desesperar existem as causas sociais, o discurso do politicamente correto, as reflexões filosóficas, a política, a religião e uma esperança no fim do túnel: A morte e a velhice são certas para todos. Fora isso, existem os cartões de crédito, os financiamentos bancários a prazo vitalício, os salões de beleza populares, as clínicas de estética, as academias de esquinas e há também muitas universidades...
“Ô sistemazinha” cruel esse em que nascemos, mas é preciso viver e prosseguir aceitando tudo para não enlouquecer, é preciso ficar cego, surdo e mudo mesmo porque se corre o risco de sermos chamados de comunistas!