O sonho e a realidade
Como não poderia deixar de ser, o mundo contemporâneo caminha, como no passado, entre o sonho e a realidade.
Acredito que sempre foi assim, desde o troglodita da caverna. O sonho alia-se ao mundo físico real, harmonizando nossas vidas. Infeliz daquele que vive só de sonhos, ou da dura realidade. “A integral da derivada de x ao quadrado é 2x.” Seguem-se outras, genialidade se Newton que permite, inclusive, estar no computador a dizer tais afirmações incontestáveis.
Então, lembro-me dos poetas, que fazem afirmações nem tão provadas, mas também verdadeiras.
Recordo-me da última página de Jorge Amado, em “Os Velhos Marinheiros”. De um lado, Zequinha Curvelo, fiscal de rendas aposentado, com suas tricas e futricas sobre um processo judicial. De outro, o comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão-de-longo-curso, título alcançado graças ao seu amigo George Dias Nadreau, oficial da Marinha de Guerra, capitão dos portos em Salvador, Bahia. Herói de muitos sonhos, Vasco faz a amarração de um Ita usando todos os recursos. Nenhum cabo ou âncora foi dispensado
Não entendia nada de nada, da arte e ciência náutica.
Saiu sob o riso de todos e tomou uma garrafa de cachaça, mas foi acordado na pensão vagabunda por um povaréu que o aclamava. Os deuses conspiraram. O “congresso dos ventos” havia posto ao léu todos os navios. Menos o comandado por Vasco, que estava sólido como uma rocha no cais de Belém do Grão-Pará.
Que seria do homem se não fossem os sonhos? A América teria sido descoberta há mais que 500 anos? A Lua teria sido conquistada? É a pergunta de Jorge Amado.
Não, eu digo. Mas o sonho não pode viver apartado da realidade. Caminham juntos. Uma lição para todos nós.