Desespero de causa

Imagine as voltas que a vida dá e as peças que ela prega em nossas vidas.

Que inferno!

Nestes meus pouquíssimos anos de vida já passei por tantas que decidi abolir a palavra AMOR (eca! Desculpe, eu não resisto) do meu vocabulário. Alguns acharam infantilidade minha na época que comecei com isso. Outros, achavam que mais dia, menos dia eu morderia a língua.

Claro que estes últimos estavam certos.

Mas eu não dava ouvidos: aquelas conversinhas melosas ao telefone: “desliga você primeiro...”. Aquela frase feita de três palavrinhas começando com “eu te...”. Nossa! Impossível completar. Ainda hoje me dá asco! Uma coisa repetitiva e tão sem conteúdo verdadeiro não poderia nunca retratar um sentimento que por mais verdadeiro que fosse não entrava na minha cachola.

Até dia desses.

Eu tirava muita onda com meus colegas, não suportava toda aquela “babação” de namoradinhos, e as cartas??? Meu Deus, as cartas... Já dizia o poeta: “são TODAS ridículas”. Inconcebível para mim uma pessoa escrever cartas quando pode dizer o que supostamente sente, se é que sente mesmo, porque eu nunca acreditei nisto. Meus colegas apaixonados e minhas amigas enamoradas e até mesmo os não comprometidos diziam: “Cuidado com a língua! Língua paga!”

O fato é que o tempo passava e eu acabei me distanciando de todos eles. Boemia que sempre fui, acabei sozinha. Todos tinham mais o que fazer: beijar na boca, namorar, cineminha a dois, essas coisas. Ultimamente nem eu me agüentava mais.

Até que um dia minha língua pagou. Se tivesse um pedaço dela cortado para cada comentário sobre o amor e suas pieguices, eu provavelmente seria muda hj.

DESESPERADAMENTE EU ANSEIO PELOS BEIJOS, ABRAÇOS, CARINHOS. ESCREVO CARTAS (QUE AINDA ACHO RIDÍCULAS, CLARO EU NÃO PODERIA TER MUDADO TÃO RADICALMENTE, NÉ?) DOU PRESENTINHOS (CLARO EU OS RECEBO MAIS QUE OS DOU). O TEMPO NÃO PASSA QUANDO ESTOU LONGE E JÁ ARRISQUEI ATÉ UM “EU TE...” (VOCÊ SABE O QUÊ). A PIEGUICE SE APODEROU DE MIM DE TAL FORMA QUE EU NÃO CONSIGO CONTROLÁ-LA E ME VEJO ANDANDO PELOS CANTOS DA CASA SEM PROPÓSITO E JÁ NEM LEMBRO MAIS SE ESTOU OU NÃO COM AS CHAVES DE CASA, SE JÁ BEBI ÁGUA HOJE. EU ESQUEÇO ATÉ DE COMER (E OLHA QUE EU SEMPRE FUI UM BOM GARFO).

Enfim, é claro que eu não preciso nem dizer que todos a minha volta tiram meu couro em piadinhas sem graça e o velho “eu te disse!!!” não sai da boca dos que me rodeiam.

Fazer o que, né? É o sentimento que rege o mundo e feliz de quem se agarra a ele.

Kátia Santvs
Enviado por Kátia Santvs em 05/05/2010
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