O poder da língua
Certa vez, um rico homem desejava contratar o melhor cozinheiro que se tivesse notícias para trabalhar em sua casa. Então espalhou notícias que estava fazendo testes para a seleção desse profissional.
Depois de incontáveis testes, ele se deparou com um candidato que lhe inspirou confiança. Era um homem já de meia idade, simpático e parecia muito seguro se si.
Então lhe foi pedido fazer um prato que ele considerasse ser o melhor prato. Seria uma das provas.
O cozinheiro foi no açougue e comprou línguas de boi, e fez toda a refeição à base de língua: Era cozida, assada, recheada, frita, com legumes, ao molho. Todos os pratos muito bem preparados, muito bem decorados. E então foi serviço.
O patrão estranhou aquela opção. Então perguntou porque daquilo, que foi prontamente explicado: É com a língua que elogiamos, que falamos boas coisas, que cumprimentamos nossos amigos, que oramos a Deus. A língua, através da fala, nos proporciona ser grandes, bons, amáveis, usamos a língua para cantar e agradecer.
O patrão teve de concordar. E pediu para preparar a próxima refeição, dessa vez o pior prato que ele saberia fazer.
No dia seguinte, ao ser avisado que estava servido, lá estava a mesa servida com todo tipo de línguas. De novo. Era cozida, assada, recheada, frita, com legumes, ao molho. Todos os pratos muito bem preparados, servidas na mesa muito bem decorada.
O patrão então pediu que explicasse essa contradição, no que ele se prontificou: É com a língua que xingamos, proferimos palavrões, ofendemos as pessoas, amaldiçoamos, agredimos, praguejamos, falamos palavras de baixo calão, ofendemos a Deus, criamos inimigos...
Então o patrão teve de concordar. E ele foi contratado.
Essa historinha me foi contada por meus pais, quando eu ainda era criança.
Agora eu fico aqui pensando: somos capazes de usar a língua para cativar ou para repelir. A temos a nosso favor, ou contra nós. Depende de como a usamos.
E essa era exatamente a mensagem que meus pais desejaram me transmitir ao contá-la.