Reflexos e reflexões
Águida Hettwer
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Sentada nos degraus do tempo, vejo sonhos arredados para depois. Como se fosse proibido falar de nossos silêncios, solidão e frustrações. Estampando um riso falso, vestindo o véu da hipocrisia. Vendemos e compramos a vida de volta como se fossem doces, negociáveis nas esquinas.
Uma palavra severa aponta-me o dedo. Há egoísmo desenfreado nas ruas, no vai e vem apressado. Miséria descabida, desigualdade imoral e sem argumentos, tecendo restos e retalhos de vidas. Sob o teto de relações empobrecidas, marchamos para o abismo.
Numa intimidade com o inesperado. Levo meu silêncio para passear no parque das emoções. Ouço risos de crianças, sob os olhos atentos das mães. Mas vejo também, olhares tristes, bocas famintas, comendo a vida com as mãos.
Saí por aí juntando coisas, grita a consciência. Não escutas os clamores dos indigentes?-Murmúrios soltos ao vento, na manhã fria, borbulhante e furiosa. Chorarei ao mundo os dissabores, pus o coração a cantar. É hora de acertar as contas, fechar o círculo, recolher as roupas no varal. Depois da chuva temporal, vem a bonança.
Com licença da palavra! A vida latente me chama. O meu desejo de justiça tem fome.
04.05.2010
Águida Hettwer
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Sentada nos degraus do tempo, vejo sonhos arredados para depois. Como se fosse proibido falar de nossos silêncios, solidão e frustrações. Estampando um riso falso, vestindo o véu da hipocrisia. Vendemos e compramos a vida de volta como se fossem doces, negociáveis nas esquinas.
Uma palavra severa aponta-me o dedo. Há egoísmo desenfreado nas ruas, no vai e vem apressado. Miséria descabida, desigualdade imoral e sem argumentos, tecendo restos e retalhos de vidas. Sob o teto de relações empobrecidas, marchamos para o abismo.
Numa intimidade com o inesperado. Levo meu silêncio para passear no parque das emoções. Ouço risos de crianças, sob os olhos atentos das mães. Mas vejo também, olhares tristes, bocas famintas, comendo a vida com as mãos.
Saí por aí juntando coisas, grita a consciência. Não escutas os clamores dos indigentes?-Murmúrios soltos ao vento, na manhã fria, borbulhante e furiosa. Chorarei ao mundo os dissabores, pus o coração a cantar. É hora de acertar as contas, fechar o círculo, recolher as roupas no varal. Depois da chuva temporal, vem a bonança.
Com licença da palavra! A vida latente me chama. O meu desejo de justiça tem fome.
04.05.2010