Uma Noite

- Obrigado.

- Enquanto houver trocados em tua algibeira, sempre há de haver vivacidade em meu seio – disse-me a mulher

Agradeci a ignota por dormir adjacente ao meu corpo, pelo simples fato de há muito não sentir um calor humano a orla de meu leito. Os trocados não desperdiçados, com um gosto que não sentia há tempos e tempos, gastá-los-ó. A aleivosia de seus lábios era corriqueira e os pensamentos (que pensamentos - nenhum). Não havia dúvida de que fosse feliz, era uma ignara. Escolhi-a por ser parecida com uma linda mulher que vivia na algibeira de meus fundilhos. Um retrato que me fez perder vários anos de minha vida. A imagem representava um amor que me deixou, ainda quando jovem e inocente. Ela partiu e de tudo ficou-me seu retrato. Deste primeiro dia até o último dia do último mês deitei-me com muitas mulheres verossimilhantes a ela.

Outrora as manhãs era eu formoso, as tardes, jovem (jovem de corpo e alma) e as noites, lúcido. Ébrio permanecia todos os dias, tardes e às noites. Quiçá um dia lastimaria, no entanto não enquanto houvesse bebida em minha copa. Decide desde da partida do meu tal amor, beber e somente pararia quando tivesse um motivo; como não o tinha, bebia, mais... muito mais... deliciosamente mais.

Vagarosamente morria; de uma morte cujas causas foram causadas pelo vindouro morto, entretanto não vim a fenecer. Deus almeja que pereçamos de vetustez e cãs escassas, de tamanha dor nos ossos que não agüentaremos nos locomover, ou ainda de um vento que pegamos quando tornávamos da igreja e porvir tornou-se uma influenza mortal junto à penúria. Suicídio é ilícito para Deus.

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 04/05/2010
Código do texto: T2235960
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