DE MÁQUINA DE FAZER DOIDO A FÁBRICA DE VILÕES
“Televisão é uma máquina de fazer doido.” Já não me interessa a autoria desta frase, cujo sentido superou-lhe o tempo. A máquina evoluiu proporcionalmente à capacidade imaginativa e criadora dos loucos por ela produzidos. Tem-se agora a indústria do medo sob o privilégio do mal, de que são protagonistas os consagrados vilões. O momento é deles. E é por eles que lutam atores e atrizes, sabendo o quanto lhes são “gratificante” e “divertido” interpretá-los aos ávidos olhos da crítica que os premiarão, e do acre sabor de parte do público que os assiste, regozijando-se com suas misérias.
Sabendo haver essa considerável parcela de público afeito ao ódio, aos anseios de vingança e demais baixezas de que se compõe a irremediável miséria humana, os valores se invertem na ordem natural da vida que a arte ousa imitar. O bem se opondo ao mal e a este sobrepondo-se, perdeu a graça nas alucinações dos autores e diretores de TV, para os quais os vilões despertam maior interesse, centralizam a trama e mobilizam o IBOPE. O ator torna-se um fantoche num personagem vulnerável às incertezas e obscuro ao próprio brilho. Mesmo assim, preferem o vilão e por ele disputam um lugar em meio às loucuras dessa máquina.
Não se discute gosto, como não se questiona qualidade das telenovelas. Elas advêm de um gênero literário igualmente discriminado ao seu tempo, no Romantismo, quando, visando o puro entretenimento, o romance que então nascia, visava um determinado público leitor através do folhetim. Todavia, ali se evidenciava a heroína, portadora de toda uma mensagem em meio a um contexto de época e costumes.
A história do rádio, e mais recentemente da televisão, conta as transformações por que passou o gênero novela, - hoje telenovela -. E aí se configuram os vilões cada vez mais esmerados em requintes de maldades, preferenciais e tradicionalmente em boa dosagem de psicopatia como recomendam os doidos da máquina. Cada qual vem com uma característica mais acentuadamente delineada pelo autor e caricaturada pelo ator, no afã de superar-se e aos vilões que o antecederam.
Sabem todos que, ultimamente, é sempre ele, o vilão ou vilã, consagrado pela crítica e premiado pela máquina. E essa desenfreada loucura chegou a tal ponto de competição exibicionista do mal instigante à mediocridade humana, que uma vilã mirim surgiu roubando as cenas de mais uma trama novelesca na qual ela fora predestinada a ser uma chantagista. E eu, que algumas vezes assistindo aquela menina considerada “prodígio” admirava-a também, passei a antipatizá-la, vendo a transformação absurda a que submeteram a sua personagem. E senti raiva dos pais dela, que se fizeram alheios, cegos àquela violação. Uma criança, atriz mirim, de repente transformada em mirim vilã, com todos os traquejos de um adulto maldoso, corrompido e perverso.
Quando eu já começava a reclamar a suposta omissão da justiça quanto ao zelo para com o Estatuto da Criança e do Adolescente, tive a grata surpresa ao certificar-me de que o Ministério Público, tempestivamente, agiu junto à Vara da infância frustrando assim os doidos na máquina dos vilões.
“Televisão é uma máquina de fazer doido.” Já não me interessa a autoria desta frase, cujo sentido superou-lhe o tempo. A máquina evoluiu proporcionalmente à capacidade imaginativa e criadora dos loucos por ela produzidos. Tem-se agora a indústria do medo sob o privilégio do mal, de que são protagonistas os consagrados vilões. O momento é deles. E é por eles que lutam atores e atrizes, sabendo o quanto lhes são “gratificante” e “divertido” interpretá-los aos ávidos olhos da crítica que os premiarão, e do acre sabor de parte do público que os assiste, regozijando-se com suas misérias.
Sabendo haver essa considerável parcela de público afeito ao ódio, aos anseios de vingança e demais baixezas de que se compõe a irremediável miséria humana, os valores se invertem na ordem natural da vida que a arte ousa imitar. O bem se opondo ao mal e a este sobrepondo-se, perdeu a graça nas alucinações dos autores e diretores de TV, para os quais os vilões despertam maior interesse, centralizam a trama e mobilizam o IBOPE. O ator torna-se um fantoche num personagem vulnerável às incertezas e obscuro ao próprio brilho. Mesmo assim, preferem o vilão e por ele disputam um lugar em meio às loucuras dessa máquina.
Não se discute gosto, como não se questiona qualidade das telenovelas. Elas advêm de um gênero literário igualmente discriminado ao seu tempo, no Romantismo, quando, visando o puro entretenimento, o romance que então nascia, visava um determinado público leitor através do folhetim. Todavia, ali se evidenciava a heroína, portadora de toda uma mensagem em meio a um contexto de época e costumes.
A história do rádio, e mais recentemente da televisão, conta as transformações por que passou o gênero novela, - hoje telenovela -. E aí se configuram os vilões cada vez mais esmerados em requintes de maldades, preferenciais e tradicionalmente em boa dosagem de psicopatia como recomendam os doidos da máquina. Cada qual vem com uma característica mais acentuadamente delineada pelo autor e caricaturada pelo ator, no afã de superar-se e aos vilões que o antecederam.
Sabem todos que, ultimamente, é sempre ele, o vilão ou vilã, consagrado pela crítica e premiado pela máquina. E essa desenfreada loucura chegou a tal ponto de competição exibicionista do mal instigante à mediocridade humana, que uma vilã mirim surgiu roubando as cenas de mais uma trama novelesca na qual ela fora predestinada a ser uma chantagista. E eu, que algumas vezes assistindo aquela menina considerada “prodígio” admirava-a também, passei a antipatizá-la, vendo a transformação absurda a que submeteram a sua personagem. E senti raiva dos pais dela, que se fizeram alheios, cegos àquela violação. Uma criança, atriz mirim, de repente transformada em mirim vilã, com todos os traquejos de um adulto maldoso, corrompido e perverso.
Quando eu já começava a reclamar a suposta omissão da justiça quanto ao zelo para com o Estatuto da Criança e do Adolescente, tive a grata surpresa ao certificar-me de que o Ministério Público, tempestivamente, agiu junto à Vara da infância frustrando assim os doidos na máquina dos vilões.