DOCES NO RECANTO
O RECANTO DAS LETRAS revela surpresas de perder e prender o fôlego. Publiquei uma crônica com diálogos interessantes entre duas amigas “Twitteiras”. Bom! E dentre tantos comentários originais recebi um escrito assim:
“NOSSA MINHA AMIGA ANA, EU FIQUEI AQUI A LER OS DIÁLOGOS, E TE CONFESSO, NAO APRENDI NADICA DISSO TUDO AÍ. AGORA, QUE ME DIVERTI, COM OS DIALOGOS, HAAHHAHAH ISSO ME DIVERTI. BJS CARINHOSOS
IENAPENA
Como sempre faço com todos os comentários que recebo entro no “Recanto do leitor-escritor e, como primeiro passo: leio o seu perfil. Sempre que retorno volto a ler o perfil, quase sempre descubro nas suas palavras, algo que me aproxima do escritor antes da leitura do seu texto.
Sabe fui visitar a Ienapena e corri os olhos pelos seus textos, alguns deles, já visitei e deixei o meu comentário. Mas, um deles me saltou aos olhos pelo título: “O PRIMEIRO DE MAIO DE MINHA INFÂNCIA”. Li e reli a sua crônica com sabor de doçura. Vou explicar. É que na sua crônica, Iena conta das festas que participava com a família junto à companhia, onde os seus avos e pais trabalhavam em comemoração ao dia do trabalho.
Saboreei cada pedaço da infância da escritora relembrando é lógico, também, a minha. Quase sempre, a leitura traz esse diálogo do leitor com o seu passado. Lembro uma fala do teólogo Mario Sergio Cortella:
”Trazer a memória da saudade, nos alimenta, nos ancoriza. “Diferente da nostalgia essa lembrança dolorida em que faz o sujeito pensar:” tempo bom foi aquele não volta mais” ou “hoje não é como aquele tempo. Hoje é pior!”.
Memória é guardar as lembranças e poder trazê-las aos dias de hoje. Memória é fazer uma biópsia.
Nostalgia é lembrar o que foi bom e agora morreu. Nostalgia é fazer autópsia.
Mas, voltemos a nossa leitura não nostálgica. Escrevi no comentário para Ienapena:
“AI, AI, AI...! QUANTAS RECORDAÇÕES SUAS DE BELÍSSIMO ENCANTO, VOCÊ FEZ SURGIR AQUI NA MINHA TELA DO COMPUTADOR: LI E RELI PARA SABOREAR, NÓS QUE MORAMOS NO INTERIOR TIVEMOS A SORTE DE CONVIVER MAIS DE PERTO COM ESSAS FESTAS, AQUI NA MINHA “NOIVA DA COLINA” A FÁBRICA DE DOCES MARTINI CONTINUA A REALIZAR A FESTA, ISTO MESMO, IGUAL AQUELA QUE PARTICIPEI COM A PARENTALHA NA INFÂNCIA... PRIMEIRO A MISSA E DEPOIS A DISTRIBUIÇÃO DOS DOCES (ABÓBORA, BATATA DOCE, COCADA, QUINDIM, PAÇOQUINHA, PÉ DE MOLEQUE E TANTOS OUTROS), SEMPRE HAVIA ALGUÉM CANTANDO PARA ALEGRAR (O RELIGIOSO E O PROFANO DE MÃOS DADAS). MAS, VOLTANDO AO SEU “PRIMEIRO DE MAIO”; ADOREI A SUA PERGUNTA INGÊNUA, SIM, MAS CARREGADA DE CONHECIMENTO INFANTIL:
“POR QUE, SE NESSA DATA SE COMEMORA O DIA DO TRABALHO, JUSTO NESSE DIA NINGUÉM TRABALHA?”
(RISOS).
“AMEI QUERIDA IENA.”
A resposta da Iena alegrou a minha tarde de domingo:
ANA VOCÊ HOJE COM SUAS AMÁVEIS CONSIDERAÇÕES EM MEU TEXTO, ALÉM DE ME DAR UMA ENORME ALEGRIA, ENCHEU MINHA BOCA DE ÁGUA, AI AI AI, QUE VONTADE ME DEU, DO DOCE DE ABÓBORA DO ARMAZÉM DO MEU VÔ, NA NOSSA VILA TÃO SAUDOSA, DA PAÇOQUINHA ENTÃO, E DA MARIA MOLE, QUE A FABRICA CONFIANÇA DE DOCES, ENTREGAVA FRESQUINHA, E AINDA TINHA O DOCE DE BATATA DOCE, O PÉ DE MOLEQUE, O DOCE DE BANANINHA, AI AI VOU PARAR, PORQUE TO QUE NÃO ME AGÜENTO DE VONTADE E SAUDADE VIU SÓ MINHA BOA AMIGA DE PIRACICABA, O QUE VOCÊ CAUSOU??? HAHAHHAHA BEIJOS
Ao escrever para você Iena, me lembro da farta correspondência que o escritor Mário de Andrade mantinha com seus colegas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e outros. Neste momento faço de Mário um exemplo, veja bem, Iena, eu ainda gosto de escrever cartas para os amigos na forma antiga; papel, envelope, selo e correio, mas, me vejo escrevendo para alguém, através da tela de um computador levando minhas palavras ao sabor da tecnologia. Novos tempos? Velhas idéias!
Em homenagem ao seu avô e a você Ienapena, neste exato momento estou comendo um doce de bananinha passado em açúcar cristal. Ganhei ontem na fabrica de Doce Martini, aqui pertinho da minha casa. De tão perto, que o doce de goiaba é entregue pelo ar, através do cheiro.