Matou sim!
Consultório médico, mesa austera, um porta-retrato com a mulher e os filhos. Jaleco impecável, feições sérias. Nem moço, nem velho.
Do outro lado, fumando com a permissão do cura, um bem apessoado homem de negócios. Quais? Não vêm ao caso.
- Não foi estupro. É bom que o senhor entenda.
- Como não foi? E as marcas nos braços?
- Forçou no começo. Depois não.
- Não estou entendendo, doutor.
- Vai entender. Quando ele a jogou dentro do carro, foi com violência. Os braços ficaram marcados. Segurou muito firme.
- E daí? Todos sabem. Consta no boletim de ocorrência.
- Eu li o boletim. Espero que compreenda.
- Guerra de nervos?
- Nunca fiz isto, meu caro. Apenas quero dizer que a violência teve limites.
- Limites? E as equimoses, doutor? Não dizem nada?
- É o que estou querendo explicar. Posso continuar falando? Afinal minha obrigação é esta.
- Claro que pode!
- Pois eu lhe digo. Houve violência. No início. Depois ela concordou com tudo.
- Como?
- Concordou com tudo com tudo, como estou falando. Não há marcas de violência sexual. Foi examinada poucos após o ocorrido. Houve intensa lubrificação. O que era no começo uma violência sem limites, passou a ser aceito com muito prazer. Recolhemos o esperma, e junto dele veio grande parte de lubrificação vaginal.
Até hoje ele não tem arrependimento do que fez. Bateu muito. Expulsou de casa, sem ela ter sabido nunca os poucos mais de onze milhões de reais. Bancos estrangeiros, nem todos, guardam sigilo.
Hoje ela ainda se aproveita da beleza de outrora. Atende clientes Vips. Com hora marcada e preço caro.